Todas as polêmicas são maiores com Balotelli. Até quando ele não é culpado
A lua de mel de Mario Balotelli com a França parece ter durado só meia temporada. A chegada do jogador ao Nice, no meio de 2016, foi positiva, ele marcou mais gols do que todos esperavam e colocou a sua equipe na liderança do Campeonato Francês. As polêmicas, porém, não conseguem ficar longe do atacante italiano.
A mais recente é o caso de racismo em Bastia. E é a prova de como ele é um imã de controvérsias, mesmo quando é vítima. Tudo começou no aquecimento da partida. Balotelli voltava a defender o Nice depois de duas partidas de suspensão, após agredir um zagueiro do Bordeaux no empate entre os dois times, no início do mês, quando ouviu insultos da torcida.
As manifestações continuaram durante o jogo. Um vídeo produzido pelo site “Get French Football News” mostra gritos coordenados de “Balotelli pedaço de m…” e “Balotelli filho da p…”, além de manifestações que seriam imitações de macaco – foi assim que o próprio atacante interpretou os sons.
“É normal os torcedores do Bastia fazerem barulho de macacos e gritar 'Uh, Uh' durante todo o jogo e ninguém da 'comissão de disciplina' agir? Então o racismo é LEGAL na França? Ou apenas em Bastia? O futebol é um esporte incrível. Mas essas pessoas como as de Bastia tornam tudo horrível”, escreveu o atacante em sua conta no Instagram.
A coragem de reclamar de atos que não deveriam ter espaço em um campo de futebol, como o episódio de racismo, não está em questão. Balotelli nunca se afastou de polêmicas e é justamente por isso que a repercussão de qualquer coisa que fale é sempre gigante. Só que a imagem negativa que o atacante sempre carregou foi, inicialmente, prejudicial para o caso mais recente.
Quando a reclamação do italiano veio à tona, o Bastia questionou. Disse que nenhuma autoridade tinha percebido nada fora do comum. "Eu gostaria que elementos tangíveis fossem colocados sobre a mesa. Ele (Balotelli) fala de torcedores do Bastia, mas não sabemos aos quais se refere. Diz que aconteceu durante todo o jogo, mas com as imagens da (emissora) BeIN não fica muito claro", disse Anthony Agostini, dirigente do clube, para o jornal L'Equipe.
O técnico do time da Córseca, François Ciccolini, também atacou o italiano. Os dois discutiram após o jogo. Balotelli, que, segundo seu companheiro de Nice Alassane Plea, saiu de campo transtornado, pode até ter xingado o treinador. O próprio comandante foi flagrado fazendo o mesmo pela TV francesa. A defesa de Ciccolini, porém, foi amplificada. Mais uma vez pelo fator Balotelli. "Se ele tivesse me xingado, eu não teria dito nada. Mas não insulte a minha mãe, que já tem 80 anos e não tem a profissão que ele falou. O motivo que me deixou nervoso? Deixe minha mãe tranquila. Eu fiquei incomodado com isso", disse o treinador à rádio RMC.
No dia seguinte, mais calmo, o técnico relevou a briga. "Sinceramente, eu entendo Balotelli. Como muita gente, eu descobri só no dia seguinte que ele tinha sido vítima de ataques racistas e que ele tinha tido problemas sérios com nossa torcida. Ele estava irritado, mas não era minha culpa. Sou professor e não deveria ter reagido como reagi. Mas tem uma hora que o ser humano não aguenta...", justificou o Ciccolini.
O caso (de racismo, não a briga entre os dois) avançou, a procuradoria francesa iniciou uma investigação e o Bastia admitiu o problema. Um torcedor de 40 anos foi banido dos jogos, perdendo seu carnê de ingressos para a temporada. Além disso, a Federação Francesa deve se pronunciar sobre a investigação do incidente em fevereiro. Tudo pelo fator Balotelli.
Essa não foi a primeira polêmica do jogador. Em outubro, ele foi expulso de uma partida contra o Lorient. Ele levou o cartão amarelo por tirar a camiseta ao comemorar o gol da vitória, aos 40min do segundo tempo. Minutos depois, o juiz o expulsou por uma falta – mas depois admitiu que o italiano não fez contato com o jogador rival. A suspensão automática foi cancelada – e os franceses acusaram a federação local de tratamento especial. No começo de janeiro, foi diferente. Após chutar o zagueiro Igor Lewczuk, ele também levou o vermelho. Dessa vez, porém, cumpriu os dois jogos de suspensão.
Todas as polêmicas infladas pelo nome do jogador, porém, acabam diminuindo o impacto do trabalho de Balotelli dentro de campo. Ele fez apenas 15 jogos na temporada, prejudicado pela suspensão e lesões. Mas marcou dez vezes nesses jogos. É a melhor média da equipe, já que o artilheiro do time, o jovem Pléa, tem 13 gols em 28 jogos.
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