Sindicato dos atletas repudia Fla por maratona de jogos e excesso de viagem
O Sindicato dos Atletas do Rio de Janeiro (Saferj) emitiu comunicado nesta segunda-feira repudiando o Flamengo pela tática adotada para suprir a ausência do Maracanã. O excesso de viagens e de jogos causados também por conta da criação da Primeira Liga criaram um ambiente ruim para jogadores e membros da comissão técnica.
“O Saferj está indignado com a situação que atletas e comissão técnica do C.R. Flamengo estão passando neste início de temporada, consequência de uma opção equivocada e imposta, que como prevíamos, levaria a se jogar e viajar em excesso”, diz trecho da nota.
O sindicato revelou que pensou em acionar a Justiça para evitar tal situação, mas como tem sido respeitado o limite de dias de folga entre os jogos, nada pode ser feito. Por esse motivo, o Saferj decidiu apenas emitir um comunicado prestando apoio aos jogadores do Flamengo por serem submetidos a tantas viagens.
Em seguida, o ataque foi direcionado à Primeira Liga. Segundo o sindicato, a competição foi criada por cunho político e não por se tratar de uma competição que apresente uma solução para o futebol brasileiro, como os integrantes defendem.
Veja a íntegra do comunicado:
NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS ATLETAS E COMISSÃO TÉCNICA DO CLUBE DE REGATAS FLAMENGO
O Saferj está indignado com a situação que atletas e comissão técnica do C.R. Flamengo estão passando neste início de temporada, consequência de uma opção equivocada e imposta, que como prevíamos, levaria a se jogar e viajar em excesso.
Como juridicamente não temos como agir, já que os jogos estão respeitando o intervalo legal, nos resta apenas apontar o problema e se solidarizar com os profissionais que vêm sofrendo com essa decisão que beira a irresponsabilidade de se criar mais uma competição dentro de um calendário já sobrecarregado.
Como dissemos há pouco tempo em outra nota, o futebol é a única profissão do mundo que qualquer um entra, e passa, da noite para o dia, a decidir sem responsabilidade ou conhecimento de causa questões ligadas inclusive a longevidade da carreira do jogador.
A criação da Primeira Liga foi um ato político e de retaliação por questões pessoais, e não por se tratar de um novo produto que poderia vir acrescentar ao futebol. Surgiu sem a preocupação ou cuidadosa análise de quanto essa competição poderia prejudicar aos profissionais que EFETIVAMENTE fazem o futebol.
Como aceitar que pessoas tomem iniciativas por estarem momentaneamente com o poder da caneta e com o “apoio” de políticos e entidades não representativas de classe?
Somente pessoas que nunca chutaram uma bola e, portanto, sem a mínima noção de quanto é difícil jogar futebol profissional de alto rendimento a cada três dias, e com a sobreposição de viagens, se dão o direito de tal decisão.
O que adianta contratar os melhores jogadores; o melhor técnico; o melhor fisiologista; o melhor preparador físico, se administrativamente fica determinado que seus profissionais podem ser levados ao extremo? Como aceitar que deixem jogar e viajar ao longo de apenas dois meses, o que se viaja no primeiro turno do campeonato brasileiro, que tem duração de quatro meses?
Para muitos, jogador de futebol não cansa; não estressa; não precisa descansar junto à família. Só valem na hora da negociação e dos títulos que podem conquistar. Será que este absurdo é norteado pelo que eles ganham e por isso podem ser espremidos de forma irresponsável como estamos vendo? Não concordamos com isso. Continuaremos combatendo com veemência esta violência que pune o atleta, encurta sua carreira e consequentemente destrói o futebol brasileiro.
Para muitos também, treinador de futebol é mágico, não precisa dar treinos e ter seus jogadores em condições físicas, fisiológicas, emocionais e técnicas adequadas; basta distribuir as camisas e pronto, vamos jogar. Nesse caso, como estamos falando de um grande treinador, não houve a troca, mas fosse outro menos reconhecido, a possibilidade de mudança seria grande.
Alemanha sete, Brasil um.... depois não sabem o porquê de estarmos tão atrasados e derrotados quando olhamos para o cenário mundial. O problema não está e nunca esteve dentro de campo e na qualidade dos profissionais brasileiros; está sim, logo ali: FORA DE CAMPO.
Saferj
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