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Sensação na Europa, Dybala recusou Itália para jogar na Argentina de Messi

Paulo Dybala comemora gol contra o Bayern de Munique na Liga dos Campeões - AFP Photo / Olivier Morin - AFP Photo / Olivier Morin
Paulo Dybala comemora gol contra o Bayern de Munique na Liga dos Campeões
Imagem: AFP Photo / Olivier Morin

Do UOL, em São Paulo

15/03/2016 06h00

Uma das principais sensações do futebol europeu, o jovem Paulo Dybala poderia ser hoje atacante da seleção da Itália. Mas disse não. Com nacionalidade italiana e polonesa, e portanto cidadão europeu, ele preferiu esperar por uma chance em seu país natal: Argentina. E deu certo.

Dybala ganhou os holofotes no Palermo na temporada 2014/15, quando começou a chamar a atenção de Antonio Conte, técnico da seleção italiana, após a Copa do Mundo no Brasil. Especulado na seleção tetracampeã mundial, o atacante de 22 anos – à época com recém-completados 21 – logo colocou um ponto final em sua história com a Azzurri antes mesmo de ela começar.

"Não conversei diretamente com o Conte sobre isso [convocação], mas não é algo fácil de se decidir. A Itália tem uma tradição muito grande, com quatro títulos mundiais. Mas eu nasci na Argentina e me sinto um argentino. Quando era pequeno, sonhava em jogar pela seleção do país", afirmou Dybala ao Corriere dello Sport, em novembro de 2014.

Menos de um ano depois, em outubro do ano passado, o sonho de Dybala começou a tornar-se realidade. Foi convocado pelo técnico Tata Martino e estreou no segundo tempo do jogo da Argentina contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa.

Em que pese o fato de ele ainda não tenha jogado com sua maior referência. "Eu tive pôsteres de Riquelme e Ronaldinho, mas meu modelo de jogador sempre foi o Messi", revelou Dybala, que começou a carreira como meia de ligação, ao Tuttosport.

Na ocasião das Eliminatórias, Messi estava machucado e nem foi convocado por Martino. Mas Dybala não passou despercebido pelo gênio argentino. "Paulo é um grande jogador e tem muito futuro. Com certeza dará muito o que falar nos próximos anos", respondeu o camisa 10 da seleção argentina ao jornal italiano.

Messi parece estar certo. No primeiro jogo entre Bayern de Munique e Juventus, 2 a 2 pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, Dybala iniciou a reação da "Velha Senhora" em Turim. Na última sexta-feira (11), o jovem atacante voltou a balançar as redes. Marcou um golaço, garantiu a vitória da Juve e chegou a 18 gols na temporada – além de 9 assistências.

Agora, nesta quarta-feira (16), seus companheiros voltam a enfrentar o Bayern de Munique, só que na Alemanha, por uma vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões. Sorte dos alemães que o atacante não deve atuar devido a uma lesão. Antes mesmo de o atacante argentino apresentar seu cartão de visitas em Turim, ele já era preocupação dos comandados de Pep Guardiola.

"Nós sabemos que Dybala é um jogador muito talentoso que pode fazer a diferença. Pode ter certeza que iremos estar preparados para enfrentá-lo", disse Robben antes da primeira partida entre as duas equipes. Se o Bayern de Munique estava preparado, Dybala não deixou por menos.

Tevez e número 21

Apesar do sucesso incontestável, o atacante de 22 anos faz apenas sua primeira temporada na Juventus. Ele, inclusive, chegou para substituir outro argentino que virou ídolo em Turim: Carlitos Tevez.

“Chegar à Juventus foi um passo importante para a minha carreira. Foi um salto muito grande depois de sair do Palermo, onde eu era bom e as coisas eram ótimas. Agora estou em um dos maiores clubes do mundo. Há pressão, as expectativas são altas, e eu sabia que não seria fácil substituir alguém como Tevez”, disse à revista Four-Four-Two.

"Tevez ganhou muita coisa e eu espero seguir os passos dele. Mas qualquer comparação entre mim e ele só poderá ser feita ao final da temporada", acrescentou Dybala, que não à toa veste a camisa número 21.

“É um número que eu gosto. É a minha idade [quando assinou com a Juventus] e também foi vestida por grandes jogadores no passado do clube”, afirmou ao ser apresentado em Turim, referindo-se a craques do calibre de Zinedine Zidane e Pavel Nedved.

Avó italiana, avô polaco

Natural de Laguna Larga, em Córdoba, na Argentina, Dybala chegou ao Instituto Atlético Central Córdoba aos 10 anos. Aos 15, mudou-se para a capital da província e passou a morar na pensão do clube. Dois anos depois, estourou na segunda divisão argentina quebrando recordes e conquistando marcas.

Em 40 jogos pelo Instituto na segundona argentina, ele marcou 17 gols. Foi o mais novo a balançar as redes na história do Campeonato Argentino (passando Mario Kempes), foi o primeiro a anotar gols em seis partidas consecutivas e também o único a marcar dois "hat-tricks" na temporada de estreia no profissional.

A grande temporada como calouro levou Dybala ao Palermo em 2012. Na chegada à Itália, foi apresentado pelo presidente do clube como “novo Sergio Agüero”. Mas também poderia ter sido introduzido como filho da terra. Ou melhor, neto.

Explica-se. A avó de Dybala nasceu em Napoles, na Itália, deixando à família com nacionalidade italiana e cidadania europeia. O avô de Dybala, aliás, também é natural do Velho Continente. Ele nasceu em Krasniów, no centro-sul da Polônia, o que confere ao atacante nacionalidade polonesa.

Em que pese as "raízes europeias", como ele mesmo costuma dizer, Dybala segue sentindo-se argentino. Sonha em jogar com Messi. Quer estar à altura de Tevez. E, pelo que está jogando na Juventus, logo pode deixar o status de promessa para tornar-se realidade como um dos principais atacantes do mundo.