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Groenlândia sonha ter seleção reconhecida. Faltam 'só' grama e sol

Do UOL, em São Paulo

13/11/2014 06h00

O sonho e a “briga” não são de hoje. Há alguns anos a Groenlândia tenta se filiar à Fifa e ser reconhecida como seleção de futebol independente. Os obstáculos são muitos, desde a inexistência de campos de grama até a dificuldade da ilha em organizar um campeonato nacional. Mas a federação está determinada a conseguir seu objetivo.

Presidente da Associação de Futebol da Groenlândia, John Torsen retomou um protocolo de trabalho, auxiliado pelo técnico Teckler Ghebrelui, para finalmente convencer a Fifa. Há alguns anos, o presidente da entidade internacional, Joseph Blatter, visitou a ilha e alimentou tal esperança, apesar da ressalva: o país sequer tem estádio com grama natural.

As dificuldades, contudo, persistem. E são inerentes à Groenlândia, maior ilha do mundo e nação integrante do Reino da Dinamarca. Localizada próxima ao Polo Norte, a ilha tem a segunda maior capa de gelo do mundo. Na capital Nuuk, a temperatura média no verão (isso mesmo, no verão) varia de 3ºC a 10ºC, considerando os três meses mais quentes. No restante do ano, a média vai de -30ºC a -5ºC.

Com isso, campos de grama natural não existem. O tempo não é suficiente para cultivar e manter um gramado. A população local se acostumou a jogar na terra ou na areia. Recentemente foi inaugurado o primeiro campo de grama artificial.

Mesmo assim, jogar futebol ao ar livre só é possível no verão, durante três ou quatro meses. Aí surge outra dificuldade. A grande distância entre as cidades. A Groenlândia tem uma das menores densidades demográficas do mundo devido às grandes áreas tomadas por gelo.

Para piorar, as passagens aéreas locais custam, em média, R$ 3,5 mil, o que encarece demais a logística dos times. Recorrer aos barcos é outra saída, mas o custo também não é baixo e as viagens demoram muito mais. E tempo é algo que falta na Groenlândia quando o assunto é verão.

Por isso, ser reconhecida pela Fifa e buscar auxílio financeiro pela entidade é fundamental para a Groenlândia. Um dos argumentos é que, mesmo diante de tantos obstáculos, o futebol é o esporte mais popular da ilha, praticado por pelo menos 10% da população (ou cinco mil pessoas). A seleção disputa campeonatos entre ilhas e alguns jogos, mas os adversários não podem reconhecer tais partidas como amistosos oficiais. Não enquanto a Fifa não “adotar” a Groenlândia.