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Viúva de argentino morto na Copa critica descaso, mas Fifa e COL rebatem

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

06/11/2014 06h00

A jornalista Verónica Brunati, viúva do também jornalista Jorge “Topo” López, tem feito campanha por “justiça” sobre o caso. Ele morreu em um acidente automobilístico em Guarulhos, quando se dirigia a um hotel durante a cobertura da Copa do Mundo de 2014. Entre acusações e reclamações sobre a condução do episódio, ela reclamou especificamente da falta de respaldo de Fifa e COL (Comitê Organizador Local). Contudo, as duas entidades rebateram essa ideia.

Em mensagens enviadas ao UOL Esporte, Fifa e COL disseram que procuraram Verónica para transmitir condolências. Além disso, avisaram que não tinham meios para agir de modo diferente no caso.

“Foi um incidente triste e trágico, e a Fifa expressou seus pêsames à família, aos colegas e aos amigos”, disse a entidade internacional. “Na ocasião do acidente, o COL fez o possível de acordo com suas atribuições: acompanhou de perto os trâmites para liberação e traslado do corpo do jornalista por parte das autoridades brasileiras e se solidarizou com família, colegas e amigos através de uma mensagem oficial”, completou a instituição brasileira.

Topo estava no Brasil para a cobertura da Copa do Mundo de 2014. Ele havia sido credenciado pela rádio “La Red”, mas também era colaborador de jornais como “Sport” e “AS”. No início do dia 9 de julho, quando voltava de Itaquera após cobrir um treino para a partida entre Holanda e Argentina, o jornalista estava num táxi que foi atingido por um Nissan Versa que ultrapassou um farol vermelho.

O Nissan Versa havia sido roubado horas antes e vinha sendo perseguido pela polícia. Os ocupantes eram Marcelo Cavalcanti da Silva, 23, e Rodrigo Consentino da Fonseca, 19, ambos desempregados, além do menor A. M. D. F.. Detidos em flagrante, os dois primeiros foram indiciados por homicídio doloso (com intenção de matar), lesão corporal com dolo eventual e corrupção de menor. Ambos estão presos, e há uma audiência do caso marcada para o dia 18 de novembro.

Verónica iniciou uma campanha em redes sociais para que os responsáveis pela morte de Topo sejam condenados. Além disso, ela acusa autoridades brasileiras de truculência e falsificação de informações.

Uma das bases dela para isso é a certidão de óbito, que coloca o jornalista como vítima fatal de um acidente automobilístico e tem data de 8 de julho. Segundo a Polícia Civil, essa questão do dia deve-se ao primeiro crime – o roubo do Nissan Versa, que ocorreu às 21h20 da noite anterior à batida.

A viúva do jornalista também reclamou da falta de informações. Topo carregava a credencial da Copa do Mundo, mas ela só ficou sabendo da morte dele por uma mensagem de pesar do ex-jogador Diego Simeone na rede social Twitter. Ele escreveu mais de seis horas depois do incidente.

A explicação da Polícia Civil para isso é baseada em dois fatores: amigos do jornalista foram avisados, e Verónica não estava em São Paulo – ela também estava no Brasil para a cobertura da Copa do Mundo, mas havia viajado para outra cidade.

Outro aspecto que gerou reclamações de Verónica foi um episódio que aconteceu na manhã seguinte ao acidente. Os também jornalistas Gustavo López e Alejandro Fantino, que eram amigos de Topo, foram à delegacia retirar os pertences dele. Quando chegaram, viram que a polícia havia colocado na mochila dele as armas que estavam com os ocupantes do Nissan Versa.

“Tampouco sabemos sobre o atendimento a Topo. Sabemos que os meios de comunicação chegaram antes dos médicos, mas são fatos que vamos reconstruindo aos poucos. Nós entendemos que o proceder da polícia não foi adequado”, disse Verónica ao canal argentino “13 TV”.

A jornalista tem pedido “um tratamento justo”, “acesso a informações” e a “condenação dos culpados”. A campanha teve adesão de nomes importantes no futebol, como os jogadores Ángel Di María e Robinho e os ex-atletas Diego Simeone e Diego Maradona. “Recebi muito apoio. O golpe foi muito forte para todos, mas me senti amparada”, relatou.

“Destruíram minha família. Fomos ao Mundial com nossos filhos Agustín, de cinco anos, e Lucía, de três. [...] Voltei com meus filhos e com o pai deles num caixão. Meu filho fez cinco anos no dia do acidente”, completou Verónica ao site “Pasión Libertadores”.