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Calote de R$ 7 milhões: Fla não recebe por venda de Hernane ao Al Nassr

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/08/2014 12h32

O Flamengo vive um drama conhecido por alguns brasileiros e corre o risco de não ver a cor dos R$ 7 milhões pela venda do atacante Hernane ao Al Nassr. A diretoria foi avisada da alcunha de mau pagador do clube árabe, mas decidiu fazer o negócio e liberou o Brocador para viajar e assinar contrato antes mesmo de qualquer garantia bancária.

O resultado da pressa foi o pior possível. De acordo com a FIFA, o atacante não pode voltar ao Rubro-negro, que tem até os próximos dias para enviar o documento liberatório (TMS) aos árabes. Sobrou para o Flamengo apenas cobrar os seus direitos na entidade máxima do futebol mundial.

A negociação do jogador com os sauditas foi intermediada pela Traffic. Advogado da empresa de marketing esportivo, Rafael Botelho esteve próximo ao príncipe para concluir a transferência. A agência tem direito a comissão pelo negócio. O Flamengo acionou o escritório do advogado Marcos Motta para tentar solucionar o imbróglio.

“Qualquer grande empresa verifica antes com quem está lidando. Acontece que os clubes estão em dificuldade financeira e precisam fazer negócio. Cuido de casos na Arábia há muitos anos. Temos inúmeros exemplos com o Al Nassr e o Al-Ittihad. Marcelinho Carioca, Obina, Diego Souza, Wagner, Lima, Renato Cajá, Reinaldo, Emerson... O próprio Elton [atacante contratado pelo Flamengo] voltou do Al Nassr por falta de pagamento nos salários. Deve existir uma prática dos clubes para garantias contratuais. Isso não é novidade”, afirmou Motta ao UOL Esporte.

O episódio iniciou uma caça às bruxas nos bastidores do Flamengo para descobrir o responsável por autorizar a saída de Hernane sem garantias bancárias. O fato chama a atenção por conta de uma conduta diferente em fevereiro. Na ocasião, o clube aceitou a proposta de R$ 11 milhões do chinês Shangai Shenhua. Porém, as garantias não chegaram e o Brocador permaneceu na Gávea.

Os dirigentes foram avisados da condição de mau pagador do Al Nassr e autorizaram o negócio mesmo assim. Inclusive, a transferência deve ser alvo de questionamento nos poderes do clube, já que era sabida e necessária desde o ano passado a entrada de recursos nos cofres rubro-negros com a venda do então artilheiro do Brasil.

O Flamengo tem direito a 50% pela negociação de Hernane - em torno de R$ 7 milhões. A primeira parcela no valor de R$ 6 milhões deveria ser paga até o último dia 17 e nada foi depositado. O rival Vasco briga até hoje na FIFA para receber R$ 5,2 milhões pela transferência de Diego Souza ao Al-Ittihad em 2012. O caso não tem prazo para ser solucionado. Pelo visto, o Rubro-negro vai pelo mesmo caminho.