Seleção se esconde no mundo virtual
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Então ficamos assim combinados: o principal jogador do time, que sofreu uma fratura há três meses e apanhou um bocado, no jogo de estreia, sai do treino manquitolando e com expressão de dor e o médico, que o operou e é responsável pela seleção, não aparece. Manda um comunicado, sem maiores detalhes, através de um assessor. No dia seguinte (hoje), há um treino fechado, ninguém dá entrevistas e a CBF divulga imagens de um treinamento, no qual o craque participa, aparentemente, sem sentir dores. E estamos conversados. É o que há de informação (?) para os jornalistas e, consequentemente, para a torcida. Dane-se quem quiser saber mais
A sensação que dá é que, incomodados com as críticas após a decepcionante estreia, cartolas, comissão técnica e jogadores resolveram dar o troco. E se fecharam numa realidade virtual na qual o técnico Tite se esconde, Neymar só se vê em imagens produzidas pela TV CBF e o médico Rodrigo Lasmar se faz de morto, como se os problemas físicos da equipe fossem somente do interesse dele. Postura provinciana e lamentável.
Nos tempos em que a seleção brasileira jogava bola pra valer e ganhava as Copas, os treinadores conversavam diariamente com os jornalistas. Senão em entrevistas, ao menos em papos descontraídos, à beira do gramado pois, até em dia de treinos “fechados”, algum tempinho era sempre reservado para que as TVs fizessem suas próprias imagens e os repórteres tivessem a oportunidade de ver os jogadores.
Do jeito que vamos, chegará o dia em que não haverá mais nenhum contato direito dos jornalistas com jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes. Todas as entrevistas serão feitas pela TV CBF, através de seus assessores de imprensa, e enviadas para as domesticadas redes de televisão que cobrem o evento.
Perguntas incômodas, questionamentos ao que será dito, análises fora do óbvio e conveniente? Nem pensar. Não dizem agora que as coberturas esportivas devem ser vistas como entretenimento e não como jornalismo? Então não reclamem. É isso aí que teremos, cada vez mais.
Ah, antes que eu me esqueça, espera-se que, pelo menos, diante da Costa Rica, o bom futebol do Brasil (e de Neymar) não seja, como diante da Suíça, apenas virtual. Pitadas de realidade e de bola à altura de uma seleção pentacampeã mundial é o mínimo que se espera. Até porque se não acontecerem, não haverá “bolha” capaz de esconder o tamanho do fiasco.
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