O caminho das pedras
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Apesar do Fernandinho, do Gabriel Jesus, do Paulinho e de todo o teatro farsesco do Neymar, a seleção de Tite poderia ter chegado à final da Copa da Rússia. Me peguei pensando nisso, enquanto assistia à semifinal de hoje, entre Croácia e Inglaterra. E o raciocínio é simples: caso o Brasil tivesse terminado em segundo lugar, na fase de grupos, teria entrado no outro lado da chave, que se revelou uma autêntica Série B do Mundial. Nele, as chances brasileiras seriam muito maiores.
A Inglaterra, que após a eliminação da Espanha, me parecia a última seleção digna da “primeira divisão” do futebol mundial, daquele lado de lá, mostrou-se um blefe. Foi derrotada, com justiça, por uma Croácia exaurida por três prorrogações consecutivas (as duas anteriores, levaram a decisão aos pênaltis). Marcou um gol de falta, logo no início do jogo e só. Passou o restante da partida dando chutões pra frente. Nem o artilheiro Harry Kane justificou a fama. Uma decepção completa. Sofreu o empate e merecia até a derrota, no tempo regulamentar.
Pela primeira vez na final, a Croácia tem alguns ótimos jogadores, Modric acima de todos. Mas é inferior à maior parte das equipes que ficaram do lado contrário, a partir das oitavas de final, inclusive o Brasil - que, aliás, a derrotou por 2 a 0, no penúltimo amistoso antes da Copa, com Neymar entrando apenas no segundo tempo. Ou seja, o caminho até à decisão em Moscou teria sido mesmo bem menos tortuoso para a turma de Tite. O problema é que, de qualquer forma, haveria a França na final...
Os franceses chegam mais favoritos que nunca a este jogo decisivo. Contam com uma equipe tecnicamente bem superior à da Croácia, que ainda chegará extremamente desgastada em termos físicos, depois de disputar três prorrogações seguidas.
Favas contadas? Em futebol, nunca se pode dizer isso. Até porque a bravura dos croatas tem sido a característica mais marcante desse time que acabou se tornando a maior zebra das últimas Copas. Mas só mesmo com o coração na ponta das chuteiras, Modric, Mandzukic e cia. poderão superar o cansaço e fazer frente a Mbappé, Griezmann, Pogba e seus companheiros.
Já a Neymar, Coutinho, Thiago Silva e o resto da turma resta uma última lamentação: “Ah, se o Brasil tivesse ficado do outro lado da chave”! E já que Tite não gosta de falar em sorte, resta culpar o tal do aleatório. Ah, o tal do aleatório...
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