Vada a bordo, Lasmar!
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Acompanho profissionalmente Copas do Mundo desde a de 1978, na Argentina – foi a primeira que cobri in loco. Desde então, muita coisa mudou. Nos Mundiais e na cobertura de imprensa realizadas neles. Antigamente, assistíamos a todos os treinamentos ao lado do gramado e, quando eles terminavam, entrevistávamos quem quiséssemos. Liberdade total.
Aos poucos, porém, o espaço para o trabalho dos jornalistas foi sendo diminuído. Nos dias de hoje, além dos malfadados treinos secretos, que não permitem que se analise efetivamente o trabalho da seleção, apenas um jogador, ou membro da comissão técnica, fala por dia, sempre em coletiva. Uma “pasteurização” lamentável, que torna todos os jornais e programas de TV praticamente iguais, sem furos ou novidades.
Dentro desse quadro de seca de informações, é inadmissível que o médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, não se apresente para falar com a imprensa, no dia em que o principal jogador do elenco, operado por ele, há cerca de três meses, deixa o campo manquitolando do pé direito (o que sofreu a cirurgia) e fazendo cara de dor.
Mandar um assessor conversar com os jornalistas e dizer que está “tudo bem” e que o atleta treinará normalmente amanhã, não é aceitável nem o bastante. Dá margem às mais diversas interpretações, inclusive a de que o tal quinto metatarso não está tão bem calcificado como deveria.
À primeira vista, é verdade, as dores parecem ser causadas mais pelas pancadas que levou contra a Suíça do que pela fratura do osso. Mas quem tem que explicar isso, tintim por tintim, é o médico que o operou e que é também o principal doutor da delegação brasileira.
Ao se esconder dos repórteres, Rodrigo Lasmar age como aquele covarde capitão do transatlântico Costa Concordia, que foi um dos primeiros abandonar o barco, após a colisão de seu navio com um rochedo na costa da Toscana, na Itália. Resta usar a famosa frase que lhe foi dita pelo chefe da capitania dos portos, revoltado com sua atitude:
“Vada a bordo, doutor Rodrigo Lasmar”!
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