Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Contrato da Globo gera divergência no Flamengo por perda de R$ 80 milhões

O Conselho Deliberativo do Flamengo vai votar o contrato do Brasileiro, de 2025 a 2029, com a Globo e Libra nesta segunda-feira sob forte debate. Uma conta da diretoria estima uma perda em torno de R$ 80 milhões por ano no novo acordo em relação ao atual. Isso gerou uma corrente contrária à aprovação da venda de direitos tanto entre aliados da situação quanto na oposição.

O Flamengo faz parte da Libra juntamente com São Paulo, Palmeiras, Santos, Red Bull Bragantino, Bahia, Vitória, Atlético-MG e Grêmio. O Corinthians ainda está indeciso.. A Libra acertou um pre-contrato com a Globo para venda de direitos do Brasileiro de 2025 a 2029, no total de R$ 1,3 bilhão.

Esse acordo, no entanto, tem que ser ratificado pelo Conselho Deliberativo rubro-negro. O debate está tão quente sobre a aprovação que o presidente, Rodolfo Landim, e aliados estavam pedindo votos no campo de jogo na comemoração do título Carioca. Foi convocada reunião de diretoria para esta segunda-feira, antes da votação, para dar explicações.

A questão é que a projeção do Flamengo é de perda de dinheiro em relação ao status atual. Em 2023, o clube ganhou R$ 290 milhões com o acordo do Brasileiro. A primeira estimativa feita pela diretoria é que esse valor caia para em torno de R$ 210 milhões com as novas regras. Isso considerada a mesma posição no Brasileiro.

O clube rubro-negro continuaria a ser aquele com a maior receita de televisão, mas a diferença para Palmeiras, São Paulo e especialmente Corinthians cairia bastante. Há quem diga que a projeção é de empate técnico com o Alvinegro a depender das variáveis, performance e audiência.

A explicação é o fim do mínimo garantido dentro da Libra. Por esse mecanismo, o Flamengo teria certeza de receber pelo menos o valor atual do contrato. A atual remuneração rubro-negra deve-se a uma garantia mínima no pay-per-view, acordada para o contrato a partir de 2019. O clube rubro-negro nunca aceitou renegociar co ma Globo ao contrário de rivais.

Sem isso, o bolo do ppv será dividido por percentuais igualitário (45%), performance (30%) e cadastro de torcedores (25%). Ou seja, o Flamengo não ganhará mais a fatia percentual de seus torcedores, que, em geral, representa um quinto dos assinantes. O bolo do ppv, ressalte-se, será menor porque haverá menos jogos exclusivos para 2025 no modelo da Libra.

No dinheiro de TV Aberta, a divisão é de 40% igual, 30% performance e 30% audiência. Na conta final, o clube teria alguma vantagem em relação ao modelo atual por conta da audiência, mas longe de compensar a perda do ppv.

Durante a semana passada, a diretoria apresentou as condições do contrato em comissões do Conselho Deliberativo. Aí começou a oposição dentro do clube. O presidente do Conselho De Administração, Luiz Eduardo Baptista, questionou o presidente Rodolfo Landim em reunião. Primeiro, apontou itens do contrato que considerava prejudiciais à Libra na relação com a Globo. Entende que o PPV caminha para o fim e não dá para apostar nele.

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Depois, perguntou porque o Flamengo aderiu à Libra para aceitar um contrato que gera perda em torno de R$ 80 milhões. É provável que volte a repetir seus argumentos no Conselho.

Landim tem argumentado que esse é o melhor contrato possível. Não havia proposta maior do que a da Globo.

Além disso, alegou que houve uma articulação do presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, com clubes paulistas para encurralar o Flamengo e deixa-lo sozinho, levando clubes para a Liga Forte União. Disse a seus pares que era preciso ceder em alguns pontos ou o clube ficaria isolado e poderia não conseguir um contrato bom.

Ainda defendeu que a exposição na Globo é extremamente benéfica para o clube já que haverá mais jogos em TV Aberta do que no modelo atual. Ou seja, haveria mais torcida atendida e mais patrocinadores expostos.

Mas até membros da diretoria de Landim não estão convencidos. Alguns deles não entendem a aceitação da perda financeira significativa, nem qual são as regras exatamente dentro da Libra. Uma das críticas é que Landim tinha prometido que não haveria queda de receita porque o Flamengo não abriria mão do mínimo garantido.

Além de membros da situação, a oposição também questiona fortemente o contrato. Há membros da corrente liderada por Eduardo Bandeira de Mello que acreditam que, pelas condições do contrato, o Flamengo poderia até ganhar menos do que o Palmeiras se já fosse válido em 2023. Esse não é o cenário da projeção da diretoria.

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As críticas são de que a Libra diz que obteve um contrato maior do que o atual com a Globo, mas que o Flamengo perde dinheiro. E alegam que o clube entregou suas vantagens no ppv e aceitou demanda dos times paulistas, que teriam levado vantagem na negociação. A dúvida posta por esse grupo: se o contrato é maior, e o Flamengo ganha menos, quem se beneficiou com mais dinheiro?

Há quem defenda no clube o adiamento da votação para melhor estudo do contrato. Neste cenário, há previsão de o Flamengo votar no Conselho Deliberativo nesta segunda-feira em um cenário incerto sobre a aprovação.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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