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Renato Mauricio Prado

Carta ao bom velhinho

O saco no bom velinho deve estar cheio de pedidos pelo nosso futebol em 2019 - Nicolas Tucat/AFP
O saco no bom velinho deve estar cheio de pedidos pelo nosso futebol em 2019 Imagem: Nicolas Tucat/AFP

24/12/2018 10h41

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Querido Papai Noel, 

Sei que a carta está chegando em cima da hora, mas tive lá minhas razões para atrasar tanto a escrita quanto o envio. Afinal, o Mundial de Clubes da Fifa só acabou no último final de semana. Sem emoção e sem graça. Bem que o senhor podia começar logo atendendo aos pedidos gerais de uma boa reformulação nesse torneio, hein? Do jeito que está, não faz mais sentido.

Mas, na verdade, caro Noel, meus pedidos são a respeito do nosso futebol por aqui. Como o senhor sabe, o nível anda insuportavelmente baixo. Tirando quatro ou cinco times um pouquinho melhores, o resto dá até dó ver. E mesmo esses mais fortes se mostraram, este ano, incapazes de ganhar a Libertadores! Foram ficando pelo caminho e os dois últimos perderam do Boca e do River que, uma vez campeão, foi aos Emirados Árabes dar vexame. Será que Palmeiras ou Grêmio teriam feito diferente? Sei não...

As mudanças no velho e violento esporte bretão praticado no Brasil precisam ser grandes, daí o meu apelo veemente nessa missiva natalina. Dá pra começar, por exemplo, pela CBF? Como é possível aturar que um presidente banido do esporte pela Fifa (por corrupção!) tenha feito o seu sucessor e continue mandando e desmandando por debaixo dos panos? O que eu quero? Que o Ministério Público faça uma devassa nas contas e atos da Confederação e de suas respectivas Federações. E sejam afastados e presos todos os corruptos. Eu sei, eu sei que talvez faltem presídios, mas cartinha de Natal é pra pedir mesmo, né?

Sobre a seleção brasileira, seria demais sonhar que o Tite, ao menos, deixe de bancar o ator canastrão e fale, como um ser humano normal, o que realmente sente e pensa? A entrevista de Tite na estreia do "Grande Círculo", no SporTV e na Globo, beirou as raias do patético. Caras, bocas, pausas melodramáticas e até encenações teatrais. Objetividade que é bom, praticamente nenhuma.

Bem que o Casão, o Caco Barcellos, o Mauro Naves e o Marcelo Barreto lhe fizeram perguntas pertinentes. Mas as respostas... O técnico, como sempre, parecia uma enguia ensaboada. E não houve, salvo uma vez, com o Casagrande, a chamada tréplica objetiva. Aquela que obriga o entrevistado a deixar de "mimimi" e falar sério. Uma pena.

A única novidade interessante foi a história com Adriano, que ele confessou que não queria nem levar para o banco, depois de mais uma estripulia no Corinthians, e, dobrado pela comissão técnica, acabou cedendo. Pois foi justamente o Imperador que, mesmo fora de forma, ao entrar, fez o gol do título do Brasileiro, em 2011.

Ajuda, Papai Noel, ajuda. Para que ele não passe mais o ridículo de dizer que os principais técnicos europeus são do nível dos melhores daqui e que não sabe o motivo de os brasileiros, ao contrário dos argentinos, não terem mercado lá fora. Será que esqueceu do baile que levou do espanhol Roberto Martinez, que dirigia a Bélgica, na Rússia?

Eu podia continuar pedindo, mas, reconheço, o seu saco já deve estar cheio. Ao menos de presentes! Por isso vou ficando por aqui e lhe desejando uma ótima noite de trabalho, chaminés abaixo, e um retorno seguro à Lapônia. Blindou o trenó e colocou capas de aço nas renas? Não!?!? Xiiiii...