Rafael Reis

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Arábia Saudita não consegue mais contratar e pode ter debandada de astros

Após gastar mais de 970 milhões de euros (R$ 5,2 bilhões) em reforços na última janela de transferências e se transformar no novo eldorado do futebol mundial, a Arábia Saudita tem tido dificuldades para atrair novas estrelas para o projeto de transformar seu campeonato nacional em uma alternativa à altura das principais ligas da Europa.

Mais que isso: o futebol mais rico do Oriente Médio está ameaçado de sofrer com uma verdadeira debandada de alguns dos astros que foram contratados só seis meses atrás e a peso de ouro para impulsionar o torneio.

O volante inglês Jordan Henderson (ex-Liverpool) já deixou a Ásia para jogar pelo Ajax, na Holanda. O centroavante francês Karim Benzema (Al-Ittihad) e o brasileiro Roberto Firmino (Al-Ahli) também estão insatisfeitos na Arábia e podem acertar até o fim do mês seus retornos à elite europeia.

Ninguém quer?

Apesar de já estar com praticamente todas as vagas para jogadores estrangeiros preenchidas, a liga saudita tinha esperança de aproveitar a janela de janeiro para atrair algumas novas estrelas para o seu campeonato -elas entrariam no lugar de gringos menos famosos, que seriam liberados ou deslocados para clubes da segunda divisão.

O astro egípcio Mohamed Salah (Liverpool), o craque croata Luka Modric (Real Madrid), o volante brasileiro Casemiro, o zagueiro francês Raphaël Varane e o atacante inglês Jadon Sancho, todos do Manchester United, eram os principais desejos árabes.

Só que nenhum deles se mostrou interessado em uma mudança para o Oriente Médio (pelo menos, não agora). E o único reforço minimamente relevante que os clubes sauditas conseguiram desde a virada do ano foi o lateral esquerdo brasileiro Renan Lodi, que estava no Olympique de Marselha.

Falta competitividade

Além das dificuldades de se viver em um país culturalmente tão diferente do Ocidente, os jogadores que desejam ir embora da Arábia reclamam que o futebol do país não está evoluindo como esperavam.

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Mesmo com a contratação de estrelas de fama global, clubes sauditas tropeçaram contra equipes de Irã, Uzbequistão, Tadjiquistão e Turcomenistão na fase de grupos da Liga dos Campeões da Ásia. Além disso, o Al-Ittihad decepcionou ao ser eliminado pelo Al Ahly, do Egito, logo na estreia no Mundial de Clubes.

Para completar, os estádios sauditas continuam às moscas, o que aumenta a percepção de falta de cultura futebolística no país e o descontentamento dos atletas. A média de público da primeira divisão nacional é de míseras 8.520 pessoas por jogo, mais baixa até do que a registrada na temporada passada (8.986), antes de o campeonato se encher de astros.

Como está o campeonato?

A primeira divisão saudita entrou em recesso na virada do ano e só retomará seu calendário de partidas a partir do fim de semana do dia 16 de fevereiro.

Com 19 das 34 rodadas previstas já disputadas, o Al-Hilal está disparado na frente. A equipe dirigida por Jorge Jesus (e que teria Neymar como principal nome se não fosse a grave lesão de joelho sofrida por ele) faz uma campanha histórica, ainda não perdeu nesta temporada e conquistou nada menos que 53 dos 57 pontos possíveis.

A vantagem para o Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo e seu único oponente real ainda na corrida pelo título, é de sete pontos. O Al-Ahli ocupa a terceira posição, com 40 pontos.

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Já a disputa pela artilharia está bem mais equilibrada. CR7 já meteu 20 bolas nas redes, mas a diferença para o segundo colocado, o sérvio Aleksandar Mitrovic (Al-Hilal), é de somente três gols. O francês Georges-Kévin N'Koudou (Damac) tem 14 tentos e corre por fora.

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