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Brasileiro da arbitragem: 80% dos times reclamaram de juízes na CBF

Colaborou Caio Blois, do UOL, no Rio de Janeiro
Um dia após rodada do Brasileirão. Ofício encaminhado por um dos participantes do campeonato chega à sede da CBF. Basta bater o olho para saber que se trata de uma nova queixa formal contra a arbitragem na competição. A cena tem sido frequente apesar do VAR. E também por causa dele.
Levantamento feito pelo blog mostra que pelo menos 16 clubes (80% em relação aos 20 participantes) já fizeram alguma reclamação formal relativa à arbitragem no Brasileiro de 2020 por escrito ou presencialmente.
O resultado confirma que o árbitro de vídeo está longe de reduzir drasticamente a insatisfação de cartolas e do público em geralmente com as atuações dos juízes na competição
Nesse embalo, o campeonato chega à sua última rodada, na próxima quinta (25), com Internacional e Flamengo brigando pelo título e colocando a arbitragem sob suspeita.
Além dos dois postulantes à taça, a lista dos que já fizeram alguma queixa formal na CBF mirando os árbitros conta com Atlético-MG, Bahia, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Ceará, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Botafogo, Vasco, Sport e Coritiba.
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o Athletico não respondeu se fez protesto formal contra a arbitragem.
Já a assessoria do Atletico-GO informou que o clube não protocolou reclamação na CBF contra os árbitros durante a competição. O Fluminense também afirma que não protestou de forma oficial durante o Brasileirão de 2020.
Por sua vez, o Red Bull Bragantino não quis comentar a respeito do tema.
"Não acreditamos que debater erros de arbitragem publicamente seja o caminho para evolução", declarou Thiago Scuro, CEO do clube de Bragança Paulista.
O blog enviou mensagem para Leonardo Gaciba, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF com as seguintes perguntas:
O departamento de arbitragem responde a todos os ofícios recebidos? Considera esse número de queixas exagerado ou normal? Qual sua avaliação geral sobre a arbitragem no Brasileirão? O uso do VAR surtiu o efeito esperado pela comissão de arbitragem?
Gaciba não respondeu aos questionamentos e o departamento de comunicação da CBF informou que ele só falará sobre o assunto na próxima sexta (26), um dia após o encerramento do Brasileirão.
Não receber respostas é uma das queixas do Ceará em relação aos protestos formais na CBF contra o que o clube interpretou como erros de arbitragem.
Segundo Anacleto Figueiredo Neto, diretor jurídico do Ceará, a diretoria não recebeu respostas aos três ofícios que encaminhou para Gaciba por meio da Federação Cearense com questionamentos sobre decisões da arbitragem em três jogos.
"Apenas um e-mail [foi] respondido pelo Gaciba, do smartphone, acusando o recebimento e encaminhando para a ouvidoria [da CBF]", disse Neto.
O diretor jurídico do Ceará afirmou que a falta de resposta pode ser uma maneira de a confederação se blindar juridicamente, pois assumir erros poderia dar margem para que medidas fossem tomadas contra eles.
"A CBF deveria responder até com um objetivo educativo. Explicando os lances, a comissão de arbitragem poderia informar melhor atletas e dirigentes", disse Neto. Ele também defende que os árbitros passem por reciclagem após a comprovação de que falharam.
Entre os dirigentes, há quem entenda que ir pessoalmente se manifestar na CBF é mais eficiente do que enviar um ofício.
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, experimentou os dois métodos.
"Acho que a visita tem muito mais efeito do que o ofício. Na visita, o dirigente tem a possibilidade de ver os lances, como eu tive. Muitas vezes, lances que a gente acha que são erros, eles conseguiram mostrar que não são erros", afirmou Paz.
O presidente do Fortaleza disse ter sugerido à Comissão de Arbitragem que ela invista mais em comunicação.
"Tem muito lance que eles estão acertando, mas a opinião pública não consegue identificar. Eles precisam deixar mais claras as decisões tomadas. E eu acho que houve uma melhoria. A arbitragem está melhor do que em anos anteriores e [acho] que o VAR, em geral, traz muito mais acertos que decidem jogos", afirmou o presidente do Fortaleza".
Atualização
Depois da publicação deste post, Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, foi até a sede da CBF para entender os critérios utilizados pela arbitragem na penúltima rodada do Brasileirão, como mostrou o UOL Esporte.