Topo

Menon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Telê só teve paz com os Mundiais

Telê Santana com o troféu da Copa Intercontinental nos anos 90 - Reprodução
Telê Santana com o troféu da Copa Intercontinental nos anos 90 Imagem: Reprodução

26/07/2021 18h26

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

"Menon, vai lá na apresentação do Telê com o fotógrafo Fulano (não lembro o nome) e ajuda ele a tirar uma foto bem legal dos pés do Telê. Assim, bem esticados", ordenou o editor, sentado na cadeira, esticando as pernas para mostrar como seria a foto. "Capricha que eu já desenhei a página".

Teve que redesenhar. A foto não saiu. E nem a manchete que falaria alguma coisa sobre o pé frio de Telê.

Era outubro de 1990 e a fama de pé frio continuaria. Em dezembro, o São Paulo perdeu o Brasileiro para o Corinthians e ele foi muito criticado por manter o obscuro Ivan em lugar do consagrado Ricardo Rocha na zaga.

A mística do Telê treinador da Seleção do jogo bonito em 82, criando o quadrado com Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, estava esmaecida. A chance de dirigir o time em 1986 não havia sido aproveitada.

Telê era o pé frio em busca de resultados. Jogar bonito não seduzia ninguém. O reconhecimento de seu trabalho em 82 só voltou a existir no ano que vem.

Ele recuperou Raí, lançou Cafu, trouxe Palhinha de Minas, ganhou o Brasileiro de 91, duas Libertadores e dois Mundiais.

O pé frio virou Mestre.

Tive a honra de cobrir esse período mágico de sua carreira e do São Paulo. O São Paulo de Telê passou a ser um time muito mais popular - não falo de popularidade - com inserção em todas as camadas sociais. Um time também de pretos e pobres. O bom futebol não tem fronteiras.

Hoje, dia 26 de julho, se completam 90 anos do nascimento de Telê. Aprendi muito com ele, com seu jeito ranzinza, franco, leal e honesto. E fiz um bom trabalho contando para o Diário Popular e A Gazeta Esportiva um pouco de sua transformação de Pé Frio, injusto apelido, para Mestre, corretíssima reverência