Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Telê só teve paz com os Mundiais
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"Menon, vai lá na apresentação do Telê com o fotógrafo Fulano (não lembro o nome) e ajuda ele a tirar uma foto bem legal dos pés do Telê. Assim, bem esticados", ordenou o editor, sentado na cadeira, esticando as pernas para mostrar como seria a foto. "Capricha que eu já desenhei a página".
Teve que redesenhar. A foto não saiu. E nem a manchete que falaria alguma coisa sobre o pé frio de Telê.
Era outubro de 1990 e a fama de pé frio continuaria. Em dezembro, o São Paulo perdeu o Brasileiro para o Corinthians e ele foi muito criticado por manter o obscuro Ivan em lugar do consagrado Ricardo Rocha na zaga.
A mística do Telê treinador da Seleção do jogo bonito em 82, criando o quadrado com Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, estava esmaecida. A chance de dirigir o time em 1986 não havia sido aproveitada.
Telê era o pé frio em busca de resultados. Jogar bonito não seduzia ninguém. O reconhecimento de seu trabalho em 82 só voltou a existir no ano que vem.
Ele recuperou Raí, lançou Cafu, trouxe Palhinha de Minas, ganhou o Brasileiro de 91, duas Libertadores e dois Mundiais.
O pé frio virou Mestre.
Tive a honra de cobrir esse período mágico de sua carreira e do São Paulo. O São Paulo de Telê passou a ser um time muito mais popular - não falo de popularidade - com inserção em todas as camadas sociais. Um time também de pretos e pobres. O bom futebol não tem fronteiras.
Hoje, dia 26 de julho, se completam 90 anos do nascimento de Telê. Aprendi muito com ele, com seu jeito ranzinza, franco, leal e honesto. E fiz um bom trabalho contando para o Diário Popular e A Gazeta Esportiva um pouco de sua transformação de Pé Frio, injusto apelido, para Mestre, corretíssima reverência
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