Começa o Caixão-2020, o campeonato da morte
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Cada gol, uma morte?
Cada morte, um gol?
Nenhum dos dois.
Na Pindorama Bolsonarística, há muito mais mortes do que gols.
Mas em algum momento - como já disseram alguns colegas - um gol será marcado no exato instante em que uma vida terminar.
Gol de Gabigol. Morte de um desconhecido. A tétrica possibilidade é concreta, com o hospital de campanha ao lado do Maracanã.
Josef Stalin disse que uma morte é uma tragédia e milhares de mortes é apenas uma estatística. Disse mesmo? Historiadores negam. Bem, se disse, tomara que tenha dito a respeito dos milhões de russos mortos na luta contra o nazismo, enfim vencido pelo Exército Vermelho.
A verdade é que no Brasil a civilização está perdendo. A cada dia há mil mortos e ninguém se importa. Há um susto inicial e depois a assimilação da barbárie.
O que é uma morte para Landim? O que são duas mortes para Landim? O que é a morte do massagista Jorginho? O que são as mortes dos garotos do Ninho?
Estatísticas. Não podem atrasar a roda da história. O importante é começar logo o Cariocão. É destruir, pelas ondas do rádio, o Bangu. Se ainda fosse o Bangu de Domingos da Guia, Zózimo e Zizinho.
A ordem é limpar agenda. Acabar logo o Carioca, ser campeão e partir para o Brasileiro. E faturar muito dinheiro. E muitos títulos.
Saiam da frente, enfermos.
Abram caminho, doentes.
Sequem suas lágrimas, órfãos e viúvos.
O Sanatório Geral vai passar. O Flamengo está na avenida. Landim e Bolsonaro. Quem é a porta-bandeira? Quem é o mestre-sala?
Pobre país desafinado. Entregue à própria sorte. Ao próprio azar. À própria maldição.
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