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Menon

Começa o Caixão-2020, o campeonato da morte

18/06/2020 04h00

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Cada gol, uma morte?

Cada morte, um gol?

Nenhum dos dois.

Na Pindorama Bolsonarística, há muito mais mortes do que gols.

Mas em algum momento - como já disseram alguns colegas - um gol será marcado no exato instante em que uma vida terminar.

Gol de Gabigol. Morte de um desconhecido. A tétrica possibilidade é concreta, com o hospital de campanha ao lado do Maracanã.

Josef Stalin disse que uma morte é uma tragédia e milhares de mortes é apenas uma estatística. Disse mesmo? Historiadores negam. Bem, se disse, tomara que tenha dito a respeito dos milhões de russos mortos na luta contra o nazismo, enfim vencido pelo Exército Vermelho.

A verdade é que no Brasil a civilização está perdendo. A cada dia há mil mortos e ninguém se importa. Há um susto inicial e depois a assimilação da barbárie.

O que é uma morte para Landim? O que são duas mortes para Landim? O que é a morte do massagista Jorginho? O que são as mortes dos garotos do Ninho?

Estatísticas. Não podem atrasar a roda da história. O importante é começar logo o Cariocão. É destruir, pelas ondas do rádio, o Bangu. Se ainda fosse o Bangu de Domingos da Guia, Zózimo e Zizinho.

A ordem é limpar agenda. Acabar logo o Carioca, ser campeão e partir para o Brasileiro. E faturar muito dinheiro. E muitos títulos.

Saiam da frente, enfermos.

Abram caminho, doentes.

Sequem suas lágrimas, órfãos e viúvos.

O Sanatório Geral vai passar. O Flamengo está na avenida. Landim e Bolsonaro. Quem é a porta-bandeira? Quem é o mestre-sala?

Pobre país desafinado. Entregue à própria sorte. Ao próprio azar. À própria maldição.

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