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Altitude deve ser enfrentada e não demonizada.

Vestiário do Fla tem tubos de oxigênio após final da Recopa na altitude - Reprodução
Vestiário do Fla tem tubos de oxigênio após final da Recopa na altitude Imagem: Reprodução

20/02/2020 14h17

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A imagem dos tubos de oxigênio no vestiário do Flamengo assusta. É a prova de como é difícil jogar em Quito, a 2850m de altitude. Evidentemente, é um ganho para os rivais, principalmente contra um bom time como o Independiente dele Valle.

É um aviso para a Libertadores. O Furacão irá a Cochabamba (2560m) enfrentar o Jorge Wilstermann. O duelo Flamengo x Independiente dele Valle se repetirá na mesma Quito, que receberá LDU x São Paulo. O Palmeiras vai a La Paz (3500m) jogar contra o Bolívar e...temos um vencedor, o São Paulo que vai conhecer o Deportivo Binacional em Juliaca (3825m).

É um terror. O ar falta, as pernas pesam e a bola ganha uma velocidade impressionante. Imaginem se o Allways Ready estivesse na Libertadores. Ele manda seus jogos no Estádio Municipal de Villa Ingenio, inaugurado por Evo Morales em 2017. Está em El Alto, a 4070m acima do nível do mar.

Os clubes brasileiros precisam se preparar. Há duas vertentes de ação: chegar no dia do jogo, algumas horas antes de Sua Senhoria trilar o apito inicial, ou buscar uma adaptação paulatina, chegando vários dias antes de a bola rolar.

O que não pode é demonizar jogo de futebol na altitude. Pedir que a Fifa autorize uma altura máxima. Exigir que times de Lá Paz e Quito joguem em Santa Cruz de la Sierra ou em Guayaquil.

Quem defende isso, está atacando o futebol, um esporte apaixonante na altitude dos Andes, no calor senegalesco ou no gelo islandês. O futebol é universal, não pode ser preso a questões geográficas.

Podemos sacar a carta da arrogância e dizer algo do tipo, o que é o Allways Ready perto do Flamengo, Corinthians, Galo, São Paulo, Palmeiras e outros?

É igualzinho, amigos. É um Uber de futebol, construído a partir da paixão popular e nela sustentada. Seu torcedor tem todo o direito de almoçar uma saltenha com a família, pegar o carro e ir ao estádio aplaudir seus jogadores e vaiar os brasileiros que roubaram o Acre da gente. Não podem ser obrigados a viajar 850 quilômetros até Santa Cruz de la Sierra para torcer.

Ah, mas os brasileiros são prejudicados. Precisam escolheu entre os regionais e a Libertadores. Mas, aí a culpa não é da altitude. É do calendário. Ou escolhe uma competição, ou monta um elenco forte,. com ótimos reservas.

Colocar a culpa na altitude é muleta.