Ser 'de confiança' parece pesar mais do que tudo para Dorival na seleção
Juan deixou o cargo de gerente técnico no Flamengo para se incorporar à equipe de Dorival Júnior na CBF. O ex-zagueiro era dos mais discutidos personagens no departamento de futebol rubro-negro. Mas afinal, o que fazia Juan no clube?
"Participo das reuniões do treinador com o elenco. Também faço a observação dos treinos. Assisti praticamente todos desde a época do Jorge Jesus. Aí tem a parte da troca de informação com os treinadores, jogadores e, principalmente, com a direção", disse em entrevista ao site GE no ano passado.
Mas após a vitória sobre o Cuiabá, no campeonato brasileiro de 2023, Juan sentou ao lado de Tite na coletiva. E naturalmente deixou a sensação de que ficava sem função se o técnico não fosse mais afável, ou melhor, se fosse estrangeiro.
"As comissões técnicas brasileiras, talvez por já nos conhecer de outras ocasiões e ter um pouquinho mais de confiança, eles conseguem me inserir mais no dia a dia da comissão técnica. Agradeço muito ao professor Tite e tem acontecido muito isso", disse, subserviente a ponto de agradecer alguém por permitir que ele fizesse o seu trabalho.
Por que o Flamengo teve cinco técnicos estrangeiros nos últimos quatro anos e meio: Jorge Jesus, Domenèc Torrent, Paulo Sousa, Vitor Pereira e Jorge Sampaoli. Se não conseguiu desenvolver adequadamente seu trabalho com esses profissionais, o que fazia lá?
Ora, alguém que ocupa uma gerência técnica num clube profissional deve receber atenção. Não importa o sotaque. Mas se Juan não conseguia se fazer ouvir pelos técnicos que não eram brasileiros, e que estiveram no Centro de Treinamentos por tanto tempo, será que seu trabalho tinha mesmo tanta relevância?
Para Dorival sim. Mas é difícil crer que sua participação tenha sido tão importante nos cinco meses e dois dias de trabalho do treinador com o elenco do Flamengo em 2022. Uma coisa é certa, se não conquistou a confiança de estrangeiros, tem a do novo técnico da seleção brasileira.
A escolha de Juan por Dorival Júnior é a segunda nesse modelo. Antes, tentou levar Muricy Ramalho para a CBF. O ex-treinador não quis. Fez bem. Longe das pressões do antigo cargo há quase oito anos, o coordenador são-paulino sequer costuma viajar com a delegação.
Seria surpreendente se a essa altura aceitasse lidar com a correria da seleção. E é muito discutível se, neste momento, é a pessoa mais indicada para tal função no selecionando cebeefiano. Mas Muricy e Juan têm o que parece ser mais importante para Dorival: são de confiança. Como o próprio filho, que o acompanha integrando a sua comissão técnica há muitos anos.
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