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Mauro Cezar Pereira

REPORTAGEM

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São Paulo tenta 'Flamengar' e reduzir dívida, mas não pode 'Corintianar'

O presidente Julio Casares em entrevista coletiva com Rogério Ceni, técnico do São Paulo - Thiago Braga/UOL
O presidente Julio Casares em entrevista coletiva com Rogério Ceni, técnico do São Paulo Imagem: Thiago Braga/UOL

Colunista do UOL

12/03/2023 04h00

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O São Paulo quer seguir, à sua maneira, os passos do Flamengo e, sem mecenas, equacionar a dívida para projetar um futuro mais competitivo. Em entrevista ao blog, o presidente Júlio Casares adiantou números a respeito do tema e falou sobre a expectativa de dias melhores com as finanças saudáveis.

Como sugere Eduardo Tironi, os tricolores querem "flamengar", expressão utilizada pelo jornalista do UOL para a recuperação econômica vivida pelos rubro-negros a partir de 2013.

Segundo o clube, o endividamento líquido passou por um processo de reformulação de perfil a partir de 2021, quando o São Paulo tinha R$ 339 milhões em obrigações para pagar naquele ano (dívidas de curto prazo), sendo R$ 155 milhões com instituições financeiras.

No fim daquele ano, eram R$ 274 milhões em dívidas, sendo R$ 92 milhões com instituições financeiras (curto prazo), de acordo com os números da agremiação, que espera apresentar dívida inferior aos R$ 600 milhões (na casa dos R$ 590 milhões) no próximo balanço.

Dívida do São Paulo (em R$ milhões):

2018 - 334
2019 - 538
2020 - 606
2021 - 697
2022 - 590*

* estimativa aproximada
Fonte: SPFC

Os balanços são-paulinos dos últimos três anos foram deficitários: RS 156 milhões em 2019; R$ 129 milhões em 2020 e RS 106 milhões em 2021. Às vésperas da divulgação dos números de 2022, o que deve ser feito obrigatoriamente até abril, a expectativa é pela apresentação de superávit.

"Estamos trabalhando para que 2024 seja um ano com melhores perspectivas", projeta Casares. Vencedor nas urnas em dezembro de 2020 para três anos de mandato, ele poderá tentar mais um triênio no final deste ano após a polêmica mudança no estatuto que permite a reeleição do presidente.

Em janeiro de 2021, a dívida de curtíssimo prazo estava em R$ 82 milhões. Já a de curto prazo seguia acima à de longo prazo desde 2017. Esse cenário costuma ser dos mais preocupantes, porque as receitas mais próximas ficam comprometidas, o que chega a asfixiar as finanças em determinados casos.

"Além disso, havia processos judiciais e ações na Fifa", acrescenta o presidente. A dívida seguia em crescimento desde 2018, o balanço com déficit de R$ 129,6 milhões e a camisa estava sem contrato de patrocínio máster.

Para sinalizar evolução, Casares se apoia em números do começo de 2022, além da resolução de processos judiciários e ações na Fifa e mudança do perfil do endividamento, com o curtíssimo prazo inferior ao longo prazo pela primeira vez desde 2017.

Além disso, frisa que no começo do ano passado a dívida ainda estava em crescimento, com déficit de R$ 106 milhões. O acordo de patrocínio máster até o fim de 2024 é festejado pela gestão, que enfatiza o fato de compromissos a serem quitados no curtíssimo prazo seguirem em retrocesso.

Metas tricolores:
- Equilíbrio de contas com dívida reduzida pela primeira vez desde 2017
- Reversão do processo financeiro com o primeiro superávit desde 2018
- Competitividade da equipe profissional, com disputa de duas finais (sendo a primeira internacional desde 2012) e vitórias em clássicos
- Disputa de três finais e um título em oito campeonatos desde 2021; entre 2013 e 2021 foram 33 torneios e 1 final (sem título)
- Recorde no Morumbi, com mais de 1 milhão de espectadores nos jogos
- Recorde de bilheteria
- Estudos para processo de SAF, modelos associativos e fundos

O dirigente afirma que tenta manter um time competitivo sem ultrapassar os limites financeiros do São Paulo. "Temos uma equipe que pode brigar por títulos, no ano passado fomos à semi da Copa do Brasil e chegamos a duas finais", lembra, referindo-se às decisões do Campeonato Paulista (perdeu para o Palmeiras) e Copa Sul-Americana (derrotado pelo Independiente Del Valle).

O argentino Jonathan Calleri, ídolo da torcida, é o jogador mais bem pago do elenco, mas mensalmente custa bem menos do que os mais caros nomes dos rivais Palmeiras e Corinthians, assegura.

Dos quatro maiores clubes de São Paulo apenas o Palmeiras tem vida econômica estável e a dívida do Corinthians é a maior. Casares pretende tentar a reeleição e o balanço de 2022, a ser apresentado nas próximas semanas, naturalmente poderá interferir em sua pretensão política.

Mas de nada adiantará se, eventualmente conseguir novo mandato, não der sequência ao projeto de recuperação financeira são-paulino. O risco é sempre aquele, deixar de "Flamengar" para, digamos, "Corintianar".

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