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Mauro Cezar Pereira

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mauro Cezar: Episódio da faca deveria dar fim à aberração da torcida única

Árbitro mostra faca "apreendida" durante clássico entre São Paulo e Palmeiras pela Copa São Paulo 2022 - Reprodução
Árbitro mostra faca 'apreendida' durante clássico entre São Paulo e Palmeiras pela Copa São Paulo 2022 Imagem: Reprodução

23/01/2022 10h26

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Em 29 de junho de 2016 atendi ao convite para participar de audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo. O tema em discussão era torcida única, uma praga que já castigava jogos de futebol no Estado.

Fiz uma apresentação detalhada mostrando experiências malsucedidas nessa direção feitas em países de Primeiro Mundo e vizinhos nossos. Mostrei, ainda, que brigas em estádios já haviam se tornado raras no Brasil.

Não houve quem apresentasse contraponto convincente o bastante. Muito menos com a quantidade de fatos e estatísticas que apresentei. São testemunhas os demais companheiros da imprensa convidados, Luís Augusto Símon, do Blog do Menon (UOL); e Rodrigo Vessoni (site Meu Timão).

Omissos, grandes clubes paulistas não enviaram representantes. Lá estavam deputados, como Fernando Capez, e o Promotor de justiça, autor da medida que impunha torcida única nos clássicos em São Paulo, Paulo Castilho. Federação Paulista de Futebol e CBF também foram representadas.

À audiência pública também compareceram Polícia Militar e o Coronel Marcos Cabral Marinho de Moura, então diretor de segurança e prevenção da Federação Paulista. Também lá estiveram a Comissão de Segurança Pública da OAB SP e a polícia civil (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Mostrei que até em países como a Holanda, com elevado padrão de vida e população que fala pelo menos dois idiomas, há confronto entre torcedores. Os duelos entre tais grupos ocorrem em todo o mundo e combatê-los, evitá-los é tarefa da segurança pública. É o que fazem lá.

Cabe à polícia e demais autoridades proteger o cidadão, algo que a torcida única não faz. Tanto que na noite da faca atirada no gramado de Barueri, palmeirenses e são-paulinos se enfrentaram pela região metropolitana de São Paulo. É óbvio que permitir apenas tricolores no estádio não impediria isso.

Quando a sociedade se curva a uma minoria e alguém opta pela torcida única, não apenas é ferido o direito de cada um de comparecer ao jogo do seu time de futebol. Ela se curva a uma minoria. Admite sua incapacidade. É o tal do sofá arrancado da sala.

Quando alguém arremessa uma arma branca no campo de jogo, fica evidente a falta de segurança proporcionada por quem deveria oferecê-la. As revistas, obviamente, foram ineficazes. E torcedores dos dois times não deixaram de se enfrentar por aí. Imagine quem está passando pela rua e se depara com tamanha confusão (vídeo acima).

Punição aos CNPJs das torcidas organizadas comprovadamente nada resolvem, como a famigerada torcida única. Penalizar o CPF é o caminho, sem ferir a festa do torcedor que deseja apenas apoiar seu time. Liberem as bandeiras, a festa, a torcida visitante. Até quando irão associar incondicionalmente o ato de torcer à violência?

Quase sete anos depois, volto a sugerir, pedir, clamar: parem de castigar o futebol, apliquem a lei a quem não a respeita, a quem comete crimes. Como arremessar uma faca dentro de um campo de futebol.

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