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Mauro Cezar Pereira

Red Bull Bragantino espera eliminar o Corinthians para mudar de patamar

Thiago Scuro, CEO do Red Bull Bragantino - Divulgação/RBB
Thiago Scuro, CEO do Red Bull Bragantino Imagem: Divulgação/RBB

30/07/2020 04h00

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Com forte investimento e estrutura profissional o Red Bull Bragantino fará o maior jogo de sua curta história na noite dessa quinta-feira, contra o Corinthians. Se vencer, estará nas semifinais do Campeonato Paulista e a três partidas do título que o clube de Bragança conquistou em 1990.

CEO do clube, Thiago Scuro conversou com o blog, explicou a proposta de jogo adotas, a escolha do técnico, falou sobre como buscam jovens atletas no mercado e a respeito do que pretendem conquistar. Para isso, querem derrotar os grandes, como o rival dessas quartas de final.

Quais as metas do clube a curto, médio e longo prazos?
Nesse momento, por tudo o que vem pela frente e nível de investimento que o clube fez, se preparando para jogar a Série A, entendemos desde o início que tínhamos condições de ficar pelo menos entre os quatro melhores do Campeonato Paulista. A classificação tem que ser natural, como a melhor campanha é algo a ser destacado, precisamos começar a passar pelos grandes e confirmar essa trajetória.

Quais passos foram dados quais faltam para se alcançar o objetivo?
Primeiro tivemos que consolidar a relação da Red Bull com o Bragantino, isso se consolidou bastante. O acesso à Série A do Brasileiro era para dois anos e veio no primeiro, o que nos avançou muito em ideia de jogo e perfil de jogadores que buscamos. Há muito investimento em jovens que podem se adaptar a esse jogo agressivo, pra frente, e ao objetivo de seguir crescendo dentro de campo e fora. Com melhoria do estádio, novo CT, projetos que estão andando paralelamente, sempre com muita atenção ao projeto esportivo.

Qual o desafio para 2020?
A permanência na Séria A.

O clube mudará de nome, será apenas Red Bull?
Não, isso não acontecerá, e é parte do acordo. É o Red Bull Bragantino e assim será pelo restante dessa história. Lá fora é RB Leipzig da Alemanha, pela proibição da Bundesliga de ter nome de empresa, nos Estados Unidos Red Bull New York, na Áustria Red Bull Salzburg...

A formação do elenco, como foi, quais os critérios adotados?
Temos um processo que veio do ano passado na Série B, quando a equipe foi superior. Mas não era exatamente o modelo de jogo que temos o objetivo de construir, Vínhamos fazendo esse trabalho com o Zago (ex-técnico), de aperfeiçoamento, jogo de muito controle, posse de bola, mas não tão agressivo e vertical como é hoje. E a saída dele permitiu buscar um novo treinador, mas entendemos que era o melhor a ser feito e tivemos o contato com o Felipe Conceição, vimos que as ideias dele estavam na direção do que o clube pretendia construir. Por isso a escolha do técnico e esse modelo é o que pauta tudo dentro do clube, jogadores jovens e rápidos com vocação para esse estilo agressivo e com a mente aberta para aprender e se desenvolver, pois não é um modelo muito praticado no Brasil. Então é um processo de aprendizagem, pressionar o adversário, buscar o gol. E estamos trabalhando esses jogadores por meio de treinos e atividades de toda a comissão para que eles aprimorem o modelo. Já se observa com quatro meses de trabalho, por exemplo, que o Arthur está mais completo e diferente do que foi em 2019. Matheus Jesus vem conseguindo assimilar isso, como Claudinho, Alerrandro, que acrescentamos.

Falando no Arthur, ele era do Palmeiras e o clube o contratou, como o Alerrandro, ex-Atlético. Mais jogadores dos times grandes poderão ser alvo do Red Bull Bragantino no mercado?
Temos ainda o Cleiton, goleiro também ex-Atlético, Luan Cândido, revelado pelo Palmeiras e que veio do RB Leipzig, Everton lateral que era do Cruzeiro, Tony Anderson, ex-Grêmio, Matheus Jesus, que estava no Corinthians, e Vitinho, ex-Palmeiras. Veio ainda o Leo Realpe, ex-Independiente Del Valle. Os grandes clubes têm exigências diferentes, alguns ainda não adquiriram uma cultura que facilite a projeção dos jovens e acontece desses jogadores novos não conseguirem espaço em clubes maiores. Então nos tornamos um parceiro interessante, até pela capacidade de investimento e de cumprimento dos compromissos financeiros. Um dos critérios que estabelecemos é o de jogadores jovens com característica e potencial, já com experiência na Série A nacional. E todos eles já tiveram algum volume de jogo por seus ex-clubes na primeira divisão do Brasileiro.

Jogadores do Red Bull Bragantino comemoram gol contra o São Paulo - Divulgação/Federação Paulista de Futebol - Divulgação/Federação Paulista de Futebol
Jogadores do Red Bull Bragantino comemoram gol contra o São Paulo nos 3 a 2 de semana passada
Imagem: Divulgação/Federação Paulista de Futebol

Carlos Carvalhal, que se reuniu com dirigentes do Flamengo, conversou com vocês no início do ano. O que acharam dele e por que um treinador europeu?
Estudamos o jogo de alguns treinadores, analisamos equipes que eles dirigiram em suas carreiras para entender o comportamento coletivo. E nos europeus se consegue encontrar padrão. No Brasil se adaptam ao elenco e às circunstâncias. No exterior eles têm suas ideias de jogo estabelecidas. Carvalhal foi um dos que nos chamou atenção pela ideia de jogo, participou do processo, conversas e reuniões, como Miguel Ángel Ramires, do Independiente Del Valle. Mas o Felipe Conceição foi o que mais nos chamou a atenção pelo comportamento coletivo, com agressividade, que pressiona para ter a bola, busca o gol. Vimos isso no America Mineiro e chegamos à conclusão de que ele seria nossa escolha, por também trabalhar com jogadores jovens.

Há uma ideia de jogo a ser seguida pelo clube, um estilo, uma identidade a ser mostrada em campo. Como se chegou a um modelo definido?
Existe uma história de sucesso de clubes da Red Bull em outros países praticando essa ideia. O Leipzig, o New York, atuam sob esses princípios. É o comportamento do Liverpool, ofensivo, joga para vencer, não para não tomar gol, ataca de forma coletiva e não depende só de talentos individuais. Desde o ano passado temos adaptado isso à cultura do nosso futebol. O atleta daqui tem técnica e é possível trabalhar com a bola, mas também com ocupação de espaços e comportamento sem ela. Queremos que os brasileiros sejam mais intensos e dinâmicos, jogando o campeonato nacional.

Qual a situação do estádio? Há planos de modernização e ampliação?
Já fizemos várias intervenções desde o ano passado, as últimas durante a pandemia, com sistema de iluminação refeito, infraestrutura para o VAR, questões de acesso ao público, segurança, banheiros e bares. Uma modernização de curto prazo para atender às exigências. E há o plano maior de transformar o estádio em uma arena, com previsão de iniciar o primeiro setor em 2021, dividindo em quatro etapas para continuar mandando os jogos lá com cada uma das quatro fases em seis meses, totalizando dois anos de obras até a conclusão. Mas hoje ele está apto para o Brasileiro. Serão 20.150 a 20.200 lugares, para atender regulamentos, pensando em poder chegar mais adiante em competições internacionais, pois com essa capacidade podemos receber partidas até as quartas de final de Libertadores e Copa Sul-americana. Em uma eventual semifinal, teríamos que jogar em outro lugar, já a decisão é em campo neutro. Assim, seria um jogo apenas fora de Bragança, cidade de 180 mil habitantes em região com 400 mil pessoas. Mais do que isso não seria adequado, não seria proporcional.

Quais as semelhanças entre os projetos da Red Bull lá fora e no Brasil?
Gestão, processos, compliance, governança, políticas do ponto de vista ético, estão sob a mesma ideia dos demais gestores dos outros times, sempre desenvolvendo atletas, trabalhando jovens. A Red Bull tem os pilotos mais jovens da Fórmula 1, o time de média mais de idade mais baixa da Bundesliga e trabalharemos para termos o mais novo da Série A. Existe uma crença em relação a esse modelo de jogo, cada país com liberdade para adaptar à sua realidade, mas sempre com um futebol agressivo, para a frente. Nesse sentido, são comportamentos padronizados, trocamos conhecimento.

Mais jogadores que atuam em times da Red Bull em outros países virão para cá em uma espécie de intercâmbio?
Já acontece, como temos o Luan Cândido, emprestado pelo Leipzig, há jogadores do Salzburg na Alemanha. O fato de utilizarmos ideias de jogo similares favorece no entendimento da forma de treinar e de atuar, então temos algumas situações nesse sentido. E é natural que nesse processo o Red Bull Bragantino se transforme em clube importante, dando resultado e até continuidade na carreira dos jogadores nos clubes, aqui e em outros países.

O time voltou a treinar mais cedo para o Paulista?
Foi bom você perguntar isso. Havia outros clubes e jogadores utilizando estruturas para trabalhos individuais e físicos. Aqui nem todos têm remuneração para contar com estrutura muito elaborada em suas casas. Tivemos quase 80% do elenco permanecendo na cidade durante a pandemia, outros se deslocaram para suas cidades e tentamos fazer o trabalho à distância como era permitido. Utilizamos um CT alugado e sem uma autorização formal não permitimos que se utilizasse o espaço, então, desde o primeiro dia da paralisação, ninguém o utilizou. No momento em que o governo do Estado facultou às prefeituras autorizar algumas atividades, simplesmente fizemos o pedido à de Bragança Paulista para que os atletas pudessem realizar atividades físicas. Demos os esclarecimentos aos demais clubes e tivemos apenas alguns realizando trabalhos físicos naquela estrutura, mas sem ações coletivas ou com bola. Em momento algum buscamos vantagem competitiva, não criamos ambiente de treino antes dos demais, apenas possibilitamos aos jogadores estrutura para alguns treinamentos físicos e fizemos isso de forma oficial, transparente e com sinal verde das autoridades,

O Red Bull Bragantino é o favorito no jogo contra o Corinthians?
Somos um clube em ascensão, em construção, analisar favoritismo ou não cabe à imprensa. Será um jogo de dois integrantes de Série A, o que torna esse confronto mais equilibrado do que os demais. As partidas anteriores geraram credibilidade, mas para nos tornarmos o clube que pretendemos, temos que encarar compromissos como esse entendendo que, pelo menos mentalmente, temos condições de igualdade com os adversários. Nosso grupo possui atletas que pela primeira vez enfrentarão um jogo desse tamanho, então é um trabalho para que enxerguem o Red Bull Bragantino como um dos grandes do Estado. Somos o quinto time de São Paulo e esperamos nos próximos anos subir gradativamente. Precisamos vencer partidas como essa para mudar de patamar e sermos vistos com maior respeito por todos.

Será o maior jogo da curta história do Red Bull Bragantino?
Acredito que sim, por toda expectativa criada, apesar de termos feito uma Série B muito consistente no ano passado. Nesse novo ciclo que o clube vive, será o maior desafio que já tivemos que ultrapassar.

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