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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Copa do Qatar: nova regra deve fazer com que técnicos usem 90% dos elencos

Colunista do UOL

09/11/2022 04h00

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A regra das cinco substituições, que pela primeira vez será usada em uma Copa do Mundo, deverá fazer com que as seleções utilizem melhor seus elencos no Qatar-2022 — torneio começa dia 20 de novembro e termina em 18 de dezembro. Estudo da Fifa mostrou que em 2018, na Rússia, os 32 participantes colocaram em campo 605 dos 736 jogadores convocados, pouco mais de 80% portanto.

A avaliação de grupo técnico da federação internacional que vai observar a qualidade do jogo que será praticado no Oriente Médio é que as cinco alterações, em vez de três, e o aumento das listas de convocados de 23 para 26 façam com que essa média de jogadores utilizados se aproxime dos 90%, com melhor aproveitamento dos elencos e uso da maioria dos atletas de linha.

Em 2018, o técnico Tite levou 23 jogadores e colocou em campo 18. Os dois goleiros reservas, Ederson e Cássio, não jogaram, o que é comum a não ser que haja lesão do titular. Dos atletas de linha, três não atuaram nem um minutinho: o zagueiro Geromel, o volante Fred (que voltava de lesão) e o atacante Taison. O Brasil perdeu de 2 a 1 para a Bélgica e foi eliminado nas quartas de final.

Para 2022, Tite abusou dos jogadores de frente na lista de 26, mantendo defensores e meio-campistas marcadores em número semelhante ao que foi usado em 2018. Ideia da comissão técnica é ter opções ofensivas para mudar características do time durante um jogo problemático, e ganhar a possibilidade de trocar cinco vezes por partida faz com essa variedade seja valorizada.

O aumento de convocados e de substituições tem a pandemia e o calendário como explicações. A possibilidade de contaminação de jogadores por covid-19 durante o torneio torna, na visão das comissões técnicas, necessário ter mais opções para substitui-los, já que eles teriam que ser isolados do restante da delegação.

Mas a realização da Copa entre novembro e dezembro (para minimizar o calor do Oriente Médio), e não nos tradicionais meses de junho e julho, também é um argumento. Como a temporada de clubes estará em andamento na maioria dos países, incluindo a elite europeia que cede mais jogadores à Copa, a liberação desses atletas às seleções só ocorrerá dia 14 de novembro, na próxima segunda, seis dias antes da abertura no dia 20.

Normalmente essa liberação ocorre três semanas antes, incluído período de descanso a esses profissionais de sete dias. Há portanto preocupação com lesões. A Copa também vai durar menos dias, 29 em vez de 32, com tempo inferior de descanso entre as partidas.

Listas de 2018
Algumas curiosidades do estudo de uso dos elencos na Copa do Mundo da Rússia, que teve a França campeã e a Croácia como vice:

- Tunísia foi a única seleção que utilizou os 23 convocados;
- Austrália a que menos usou, com somente 15;
- Seis equipes usaram mais de um goleiro: Tunísia, Argentina, Polônia, Croácia, França e Arábia Saudita;
- Inglaterra e Bélgica usaram todos os jogadores de linha, 21 -- disputaram o terceiro lugar, jogo quase amistoso, o que explica a opção;
- 56 jogadores de linha não entraram em campo, o que dá pouco menos de 10% dos atletas convocados excetuando os goleiros. Fifa avalia que esse número de jogadores de linha não utilizados em 2022 pode diminuir com cinco substituições e 26 convocados;