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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Fifa libera, e Brasil concorre com Europa por atletas de Rússia e Ucrânia

David Neres (ao centro), do Shakhtar, deixou a Ucrânia por causa da guerra - Reprodução/Twitter/tariqpanja
David Neres (ao centro), do Shakhtar, deixou a Ucrânia por causa da guerra Imagem: Reprodução/Twitter/tariqpanja

Colunista do UOL

07/03/2022 17h04

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A Fifa autorizou nesta segunda-feira (7) a possibilidade de suspensão dos contratos até 30 de junho dos jogadores estrangeiros que atuam na Ucrânia e na Rússia, países que estão em guerra há quase duas semanas. O detalhe é que foi criada uma janela de transferência especial para esses atletas, por quatro semanas até 7 de abril, e eles podem jogar em qualquer clube do mundo, mesmo daqueles países que estão com suas janelas fechadas atualmente. A decisão impacta mais de 200 jogadores, de várias nacionalidades, incluindo brasileiros.

Isso faz com que a elite europeia, como Inglaterra, Espanha, França e Alemanha, que estão neste momento com seus períodos de negociações fechados, possam contratar esses jogadores, com limite de dois que tenham sido beneficiados pela exceção.

Isso aumenta a concorrência para os clubes brasileiros que queiram ficar com esses jogadores — a janela no Brasil fecha em 12 de abril, ou seja, os brasileiros poderiam fechar negócio mesmo sem a janela especial.

Entre os jogadores brasileiros que podem ficar disponíveis, boa parte joga no Shakhtar Donetsk, como o atacante David Neres, o lateral Ismaily, o meia Alan Patrick e os atacantes Pedrinho (ex-Corinthians) e Fernando (revelado pelo Palmeiras). Da Rússia, o zagueiro paraguaio Junior Alonso, ex-Atlético-MG, já conseguiu acerto com seu clube, o Krasnodar, pela suspensão e quer voltar ao Brasil.

A suspensão dos contratos é um pouco diferente para cada país, apesar da data limite ser a mesma, 30 de junho — depois disso os jogadores têm que voltar a seus clubes, a não ser que haja um acordo de empréstimo estendido ou de venda com a agremiação que adquiriu o atleta durante a exceção. No caso da Ucrânia é preciso ter o aval do clube para suspender o contrato — o que deve ocorrer sem problemas, já que as próprias equipes buscavam isso.

Já para os clubes russos pode haver uma suspensão unilateral, ou seja, o jogador sair sem a anuência dos cartolas — isso vale a partir de 10 de março se o atleta não conseguir chegar a um acordo com seu clube russo.

A direção da Fifa entendeu que como não há conflitos dentro da Rússia, apenas em território da Ucrânia, os jogadores de times russos que não se sentirem seguros poderiam ter dificuldade em chegar a um acordo pela suspensão. Apesar de a Fifa ter suspendido a Rússia de competições internacionais, o campeonato local está ocorrendo normalmente.

"A decisão da Fifa mostrou-se bastante razoável. Entendo que não seria justificado e proporcional que neste momento, ainda no início da guerra, a Fifa autorizasse os jogadores a terminarem definitivamente seus contratos. Não seria uma solução justa com os clubes ucranianos. Como também não seria justo deixar os jogadores sem uma perspectiva de trabalho. Portanto, foi encontrado um meio-termo que permite aos atletas imediatamente encontrarem um clube, sem ônus para esse clube, liberando os clubes ucranianos de pagarem os salários neste período de guerra. Dentro das alternativas razoáveis, me pareceu a mais justa", disse Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo