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Marcel Rizzo

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Tudo por dinheiro: não há mocinho no calendário insano das próximas semanas

Palmeiras enfrentou o Defensa na quarta e já pega o São Paulo nesta sexta-feira - Divulgação / Conmebol
Palmeiras enfrentou o Defensa na quarta e já pega o São Paulo nesta sexta-feira Imagem: Divulgação / Conmebol

Colunista do UOL

16/04/2021 04h00

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O calendário insano dos clubes paulistas neste início de temporada ocorre por um motivo: dinheiro. Mostrei recentemente nesta coluna um acordo entre todos os entes do futebol brasileiro para que a temporada 2021 acabe em 2021. Se avançar novamente de um ano para o outro, o estrago financeiro será grande.

A situação dos paulistas complicou comparado com clubes de outras regiões porque, devido à pandemia, o governo do estado proibiu o futebol por um tempo e o plano de disputar o Estadual fora de São Paulo não foi para frente — poucos lugares toparam receber as partidas e a operação ficaria muito cara. O Palmeiras, por exemplo, fará 12 jogos em 25 dias, entre Paulistão e fase de grupos da Libertadores.

Não há mocinhos ao você olhar a tabela e ver que os times jogarão dia sim, dia não — exceção, diminuindo as 66 horas mínimas para 48 horas, prevista em regulamento da CBF aprovada, inclusive, pelo sindicato dos jogadores.

Clubes? Temem perder valores de direitos comerciais, de transmissão e atraso em premiações. Confederações avisaram que, diferente de 2020, em 2021 não conseguiriam adiantar cotas caso os torneios parassem novamente.

Entidades? Tiveram queda de receita significativa em 2020, com menores valores pagos por direitos de transmissão e patrocínio. A Conmebol, por exemplo, teve prejuízo de US$ 14 milhões (R$ 78,6 milhões).

Jogadores? Mesmo os de elite tiveram parte do salário retido na primeira onda da covid-19, fora os atrasos, naturais em tempos normais e que se agravaram durante a pandemia. Sem jogo, sem receita para o clube e salário no fim do mês comprometido.

Detentores dos direitos de transmissão? Precisam entregar os eventos que venderam aos seus patrocinadores. Houve renegociações de contratos com boa parte dos campeonatos de 2020 terminando só em 2021. E há temor de que novas paralisações, com grades de horário não sendo preenchidas, façam alguns desses acordos pararem na justiça.

É errado se preocupar em preservar seus rendimentos? De modo algum. Mas o calendário que torna os jogos de futebol no Brasil tecnicamente fracos foi construído por todos os entes do futebol e, um pouquinho ali na frente, o retorno financeiro pode ser afetado do mesmo jeito — partidas ruins afastam patrocinadores e torcedores, ou seja, quem paga pelo show.

E quem reclamar disso tem que se olhar no espelho.