Artur Jorge deixa Tite sem rumo em vitória do Botafogo sobre o Flamengo
Não sou chegado a números para analisar uma partida de futebol, porque não é uma ciência exata.
E o clássico de hoje entre Flamengo e Botafogo mostra muito bem isso: o time da Gávea teve 60% de posse de bola e não conseguiu, em 90 minutos e mais os acréscimos, acertar um único chute na direção do gol do goleiro John.
Já o time da Estrela Solitária esteve com a bola só 40% do tempo, mas acertou três chutes na direção do goleiro Rossi e fez dois gols.
Após o primeiro gol com Luiz Henrique, a proposta do Botafogo foi se fechar, deixar a bola com o Flamengo e agredir usando o contra-ataque. E assim conseguiu dois lances mortais.
No primeiro, Rossi fez uma defesa incrível na chapada de Jeffinho, cara a cara com ele.
Já no segundo contra-ataque, o Botafogo não conseguiu finalizar a jogada de primeira, mas roubou a bola na frente e, com três toques, Savarino ficou na cara do gol, batendo tranquilo e só deslocando Rossi.
Pois bem, pelo elenco que o Tite tem nas mãos, é inadmissível a falta de criatividade, agressividade e muito menos de finalizações certas. O goleiro John, do Botafogo, não fez uma única defesa durante todo o jogo.
Outra coisa: é um time que não dá um só chute de longe, só querendo entrar tocando na área e com cruzamentos a esmo.
Após o título do "campeonato estadual mais difícil do Brasil" (como Tite disse ser o Carioca), o Flamengo não conseguiu fazer uma só partida boa: jogou mal em todas, vindo agora de duas derrotas consecutivas - uma na Libertadores, na Bolívia, e a de hoje para o Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro.
O trabalho de Tite, levando em consideração o talentoso elenco que tem nas mãos, não é bom e já estava sendo contestado por boa parte da torcida. Depois dessa derrota, a pressão aumentará muito, e ainda com a enorme sombra de Jorge Jesus, como aconteceu com todos os treinadores de 2019 para cá.
Já no Botafogo, fora as falácias de John Textor, as coisas melhoraram muito com a chegada do ótimo treinador português Artur Jorge. O time está muito bem organizado taticamente, com variações definidas na cabeça dos jogadores. Tanto que a equipe consegue, num mesmo jogo, mudar o seu esquema mais de uma vez.
Com um elenco menos talentoso, Artur Jorge conseguiu fazer seu time ser muito mais objetivo, agressivo e fatal do que Tite e seu Flamengo.
Foi uma vitória tática de Artur Jorge sobre Tite, porque a sua estratégia funcionou muito bem: depois do gol de Luiz Henrique, armou a armadilha do contra-ataque e matou o Flamengo.
A posse de bola muito maior do Flamengo no clássico foi uma enganação total para quem analisa jogos através da porcentagem desse falso domínio do time que fica mais tempo com a bola nos pés.
Futebol é objetividade, e o Botafogo foi espetacular nesse sentido, porque chegou três vezes com chances de marcar e fez dois gols. Não adianta ficar 61% do tempo com a bola e tocá-la na maioria das vezes para trás e para o lado, como fez o Flamengo.
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Quero receberFoi uma vitória imponente do Botafogo nesse domingo de sol no Maracanã. Uma vitória maiúscula de um time que mostrou ter personalidade, resistência e que está sempre pronto para matar o jogo.
Até começarem os jogos desta tarde, o Botafogo está na primeira colocação do Brasileiro, lugar em que ficou a maior parte do tempo em 2023, mas que perdeu com os vacilos no final.
Vejo o Botafogo muito competitivo nas mãos de Artur Jorge.
PS: Sr. Textor, será que foi falta no Fabrício Bruno no segundo gol do Botafogo? O que dirá a sua inteligência artificial nesse lance?
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