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Doval: O gringo mais carioca do futebol

Na última quinta-feira (25), no Rio de Janeiro, começou o Cinefoot, que apresentou pela primeira vez um documentário sobre o ex-jogador Doval, ídolo do Flamengo e Fluminense, que nos deixou cedo demais.

Vou começar falando sobre o que o Doval representava para mim. Nos anos 70, eu era uma criança apaixonada por futebol e um grande fã desse argentino/carioca.

No início, era muito difícil saber o que acontecia nos outros estados. Então, na maioria das vezes, assistia ao futebol carioca no cinema, que exibia o maravilhoso Canal 100, mostrando lances dos jogos antes dos filmes. Era o máximo!

Logo me chamou atenção aquele cara com a camisa 10 do Flamengo, que fazia gols de todos os tipos. Ele jogava com a 7 quando o Fio Maravilha era o 10, mas com a saída do Fio, essa camisa mágica foi para ele, e ele honrou com muito talento.

Para se ter uma ideia, até 1974, a torcida rubro-negra se dividia entre ele e o Zico como jogador preferido. Quando Zico subiu das categorias de base, obviamente a 10 foi para o garoto, que se transformaria no maior jogador da história do clube, e Doval pegou a 9.

Documentário 'Doval: o gringo mais carioca do futebol'
Documentário 'Doval: o gringo mais carioca do futebol' Imagem: Reprodução

Depois, ele entrou naqueles troca-trocas malucos que o genial presidente do Fluminense, Francisco Horta, fazia no futebol carioca nos anos 70, movimentando maravilhosamente o mercado da bola. Ele fez parte de um dos melhores times que vi jogar na vida, a Máquina Tricolor de 75/76, e virou um dos grandes ídolos da história do Fluminense também.

Conversei com os diretores do documentário, Federico Bardini e Sérgio Rossini, e também com a coordenadora de produção, Marcella Morizot, e eles me contaram tudo sobre essa obra que acho incrível.

A ideia surgiu há 10 anos, mas claro que havia necessidade de verba, porque os direitos de imagens são caros e é o que mais conta em um documentário. Além das imagens, eles foram para todos os lados para pegar depoimentos das pessoas, incluindo Roberto Rivellino. No documentário, fica claro como Doval era um cara legal e divertido, até certo ponto um playboy que andava de motos pelo Rio de Janeiro.

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Era fácil encontrá-lo andando pelas praias e no calçadão descalço, e ele era muito acessível para conversar. Quem conviveu com ele diz que Doval era uma figuraça, sendo muito agradável e que todos gostavam de estar onde ele estava. Com boa aparência, falando um "portunhol carioca", sempre rodeado de garotas e amigos.

Doval foi um dos estrangeiros mais aceitos pelos brasileiros, pela sua simpatia, mas também pelos seus gols e títulos, tanto pelo Fla como pelo Flu. Ele também gostava de se divertir em esportes radicais e muitas vezes era visto pulando de Asa Delta da Pedra Bonita. Pensem bem, quando um jogador de futebol da atualidade iria pular de Asa Delta e andar de moto por aí? Nunca!

Claro que o mundo é outro e cada um se diverte de acordo com a sua época, mas não dá para negar que o craque Doval, além de jogar muito, também se divertia bastante.

Este documentário ainda não está em cartaz porque ainda não tem uma distribuidora, mas tanto Sergio Rossini como Federico Bardini estão loucos para que o público tenha a possibilidade de assistir à história de um grande personagem, sendo o mais argentino dos cariocas do futebol brasileiro.

Fiquei super feliz e emocionado quando soube desse documentário sobre a vida do Doval, porque ele é um grande ídolo de duas torcidas de dois clubes rivais históricos, e se fala muito pouco dele.

Portanto, fiquem atentos, porque em breve estará disponível em alguma sala de cinema ou em um festival de documentários em homenagem a um grande jogador do futebol sul-americano que merece ter sua história contada. Doval deixou uma marca muito forte no futebol carioca e brasileiro.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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