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A minha história em Torino x Juventus: um clássico da desigualdade social

Hoje, às 13h (de Brasília), na Itália, pelo Campeonato Italiano, será realizado no estádio Olímpico de Turim um dos grandes clássicos do futebol: o Derby della Mole. Esse nome é uma homenagem a um famoso prédio da cidade que abriga o Museu Nacional do Cinema, a Mole Antonelliana.

É um jogo disputado, pois transcende o futebol e representa as diferenças sociais da cidade. Os donos da Juventus (Família Agnelli) são os proprietários da Fiat, enquanto a maioria dos operários das fábricas são torcedores do Torino. Joguei várias vezes esse clássico e posso garantir que, para o Torino, é o jogo mais esperado da temporada, pois enfrentamos de igual para igual a Juventus.

Atualmente, a diferença técnica e financeira entre os times aumentou muito, e o jogo só se equilibra por causa da rivalidade social. Meu Derby mais marcante foi na temporada 1991/92, quando vencemos por 2 a 0 no segundo turno, com dois gols meus, após jogadas incríveis do Martín Vázquez. Foi naquele domingo, 5 de abril de 1992, que entrei definitivamente para a história da parte "granata" da cidade, com meus dois gols nessa vitória inesquecível.

Já na temporada seguinte, tivemos dois confrontos incríveis pela semifinal da Copa Itália. Naquela época, o torneio era eliminatório desde o início, e o sorteio nos levou a esse confronto para decidir quem iria para a grande final. Foram dois jogos no Estádio Delle Alpi, pois tanto o Torino quanto a Juventus mandavam seus jogos nele, e o critério do gol fora de casa foi decisivo para a eliminação da Juventus.

Foram dois confrontos difíceis com duelos memoráveis. Por exemplo, meu duelo foi contra o forte zagueiro alemão, campeão do mundo em 1990, Jürgen Kohler. Na Itália, marcava-se homem a homem, com um líbero atrás dos dois defensores, e Kohler foi o meu marcador. Foi um grande jogo, empatamos em 1 a 1, com gols de Baggio (Juve) e Paolo Poggi (Toro). Na segunda partida, precisávamos vencer ou empatar com mais de um gol, e foi o que fizemos.

O jogo foi aberto e intenso, com vários gols, e terminou em 2 a 2, com gols de Baggio e Ravanelli (Juve) e Paolo Poggi e Aguilera (Toro). A cidade comemorou, pois havíamos eliminado nosso maior rival e avançamos para a final contra a Roma, que havia eliminado o Milan. Fomos campeões da Copa Itália 1992/93, mas essa história fica para outra oportunidade. Para ilustrar este texto, segue a escalação dos dois times da época:

Torino:
Luca Marchegiani, Annoni, Fusi, Bruno, Mussi, Venturin, Sordo, Sergio, Scifo, Casagrande e Aguilera. Técnico: Emiliano Mondonico.

Juventus:
Peruzzi, Carrera, Júlio César, Kohler, Torricelli, Conte, Dino Baggio, David Platt, Roberto Baggio, Ravanelli e Vialli. Técnico: Giovanni Trapattoni.

FORZA TORO

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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