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Brehme: além de grande jogador era também um cara legal

Acordei nesta terça-feira (20) com a notícia que muito me entristeceu: o falecimento de Andreas Brehme.

Um grande jogador, campeão do mundo na Copa de 1990 na Itália pela Alemanha, inclusive fazendo o gol da vitória contra a Argentina.

Mais que isso, foi um cara especial para mim. Não só porque o enfrentei diversas vezes, principalmente no Campeonato Italiano quando jogava na Internazionale de Milão, campeã do scudetto 88/89 junto com seu compatriota Lothar Matthäus e completando o trio de estrangeiros o argentino e hoje treinador do Vasco, Ramon Diaz. Também o enfrentei quando defendi a seleção brasileira.

Ramon jogava na Fiorentina e foi contratado por um ano pela Inter, fazendo um ótimo campeonato junto com todo o time que era muito bom.

Mas, por que disse no início do texto que Andreas era um cara especial para mim?

Porque em duas ocasiões que nos encontramos, eu havia sofrido contusões gravíssimas e ele sempre veio me perguntar como eu estava, se tinha me recuperado bem.

Em 1987, jogando pelo Porto, rompi todos os ligamentos do tornozelo esquerdo no segundo jogo das oitavas de final da Copa dos Campeões (hoje Champions League) contra o Brondby da Dinamarca em Copenhague. As imagens passaram no mundo todo e eram muito chocantes.

Tive que operar e voltei na última rodada do Campeonato Português, jogando uns 20 minutos num domingo. Na quarta-feira era a final da Copa dos Campeões entre Porto e Bayern de Munique, onde Andreas jogava.

Fiz um teste na véspera do jogo e não estava 100%, então fiquei no banco. O Porto foi campeão vencendo por 2 a 1 com gols do argelino Madjer e do meu amigo Juary.

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Na hora de recebermos o troféu e as medalhas, o goleiro belga Jean Marie Pfaff, Andreas e Lothar Matthäus vieram até mim e me perguntaram se eu estava bem, se a recuperação tinha dado certo e lamentaram por eu não ter jogado.

Achei aquele gesto incrível da parte deles pela preocupação comigo.

Andreas jogava muito bem nas duas laterais e também no meio campo como segundo volante.

Clássico por ter uma ótima batida na bola, tanto que era o homem da bola parada no Bayern, seleção alemã e na Internazionale também.

Um jogador de muita personalidade, quase sempre sendo um capitão das equipes que jogava.

A outra situação que me envolve com Andreas e Lothar foi quando rompi o ligamento cruzado posterior do joelho esquerdo na pré-temporada de 88/89. Fiz a cirurgia que tem uma recuperação muito longa, de 6 a 9 meses de fisioterapia.

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Eu fazia fisio todos os dias pela manhã e à tarde. Num domingo que jogava Ascoli x Inter, eu estava na sala de fisioterapia do Ascoli quando entraram os dois alemães, que estavam indo aquecer. Eles vieram até mim demonstrando novamente carinho e preocupação pela minha contusão e recuperação.

Me fez tão bem essa atitude deles porque lá na final com o Bayern em Viena em 1987 poderia ter sido um caso isolado.

Mas acontecendo novamente, mexeu comigo porque ficou claro a preocupação por um companheiro de profissão.

Por isso, é por tantas outras coisas que Andreas tinha uma liderança natural por onde passou.

Teve seus problemas na vida pessoal que o levaram a ficar com problemas financeiros. No dia de hoje, 20/02/2024, chegou a notícia de sua morte em um hospital de Munique. A primeira informação diz que foi de parada cardíaca.

Andreas Brehme, um jogador espetacular, um companheiro solidário que deixará saudades no futebol, principalmente no Bayern de Munique e na Internazionale de Milano, os dois grandes clubes por onde passou.

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Antes de terminar, vou colocar aqui todos os seus títulos:

Bayern de Munique

Campeão alemão: 1986/1987
Supercopa da Alemanha: 1987

Internazionale

Campeão italiano: 1988/1989
Supercopa da Itália: 1989
Copa da UEFA: 1990/1991

Kaiserslautern

Copa da Alemanha: 1995/1996
Campeonato alemão: 1996/1997

Seleção Alemã

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Vice-campeão na Copa do Mundo do México: 1986
Campeão da Copa do Mundo da Itália: 1990

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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