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O dia em que a Democracia Corintiana se juntou à rainha Rita Lee

Há 41 anos, tive o enorme prazer de viver um dia magnífico e prazeroso, que ficou marcado para a história do futebol e do rock and roll.

Em 28 de novembro de 1982, num domingo de muito sol, o Corinthians enfrentou a Ferroviária no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista.

À época, o estádio Paulo Machado de Carvalho era importante para a cidade de São Paulo, e os paulistanos daquela geração nem imaginavam o que iria acontecer com o nosso Pacaembu, que passa por uma grande mudança.

Era a reta final do segundo turno do Paulistão. Cerca de 47 mil pessoas foram ao Pacaembu para assistir a essa partida.

Esse público foi até destacado na transmissão da TV Cultura pelo narrador José Carlos Cicarelli, que disse assim.

"Fazia muito tempo que o Pacaembu não recebia tanta gente para assistir a um jogo. Está completamente lotado."

Recomento que pesquisem na internet para recordar (ou ver pela primeira vez) os melhores momentos desta partida.

A equipe de Araraquara era muito boa, mas naquele campeonato o nosso time jogou demais. Vencemos por 3 a 1, com dois gols meus e um do Wladimir, enquanto a Ferroviária marcou com o ponta esquerda Bozó.

À noite, teve o show da Rita Lee, que se chamava 'O Circo', no ginásio do Ibirapuera.

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Foi naquela noite mágica que eu, Magrão e o Wladimir subimos no palco de surpresa e cantamos junto com a Rainha do Rock nacional a música "Vote em Mim!".

Durante a semana, eu havia prometido uma camisa de jogo do Corinthians para presentear a Rita, só que esqueci de avisar o pessoal. Quando estávamos no ginásio, perguntei se alguém havia trazido o manto do Timão e ninguém sabia de nada.

Então, o Magrão viu um cara no meio da multidão — o ginásio estava lotado — vestindo uma camisa original do Corinthians, com o número 9.

Ele virou e falou brincando: "Olha lá Big, tem um cara com a sua camisa. Pede para ele".

Ele achava que eu não iria, mas respondi: "Beleza, Magrão. Vou lá".

Fui e pedi a camisa.

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"Fala meu, beleza?" Ele respondeu: "Caramba, Casão. Que legal que você curte um rock".

E aí fiz a pergunta: "Você poderia me arrumar sua camisa, por favor?".

Ele não entendeu nada: "Pô, Casão, é sério? Você joga no Corinthians e não tem uma camisa?"

Aí expliquei a situação para ele e tudo mudou: "Casão, você vai dar a minha camisa para ela?".

Ele tirou a camisa e me deu, e falei que ele poderia passar lá no Parque São Jorge que lhe daria outra minha e de jogo.

E aí, quando subíamos no palco, demos a camisa para a Rita e ela continuou o show vestindo o manto do Corinthians, com o número 9 nas costas.

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Esse dia foi super especial para todos os envolvidos. Foi mágico desde o jogo à tarde, no Pacaembu, até o show histórico em que encontramos a linda, maravilhosa e saudosa Rita Lee.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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