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OPINIÃO

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Em jogaço, Inter prova não estar no Brasileiro só por vaga da Libertadores

Maurício, do Internacional, comemora seu gol contra o Flamengo em partida do Brasileirão - MAX PEIXOTO/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO
Maurício, do Internacional, comemora seu gol contra o Flamengo em partida do Brasileirão Imagem: MAX PEIXOTO/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

23/04/2023 14h10Atualizada em 23/04/2023 14h10

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Há tempos não assistia a uma partida de futebol às 11h, principalmente, um grande clássico brasileiro como Internacional x Flamengo. A transmissão da sportv foi com uma equipe que eu gosto muito. Luiz Carlos Jr. narrando e Ana Thaís e Pedrinho comentando é show de bola mesmo.

O time da Gávea, agora com o argentino Sampaoli no comando, tentando recuperar a imposição técnica que teve nesses últimos anos, "jogando bola" e não falando, como vinha acontecendo desde o início do ano.

As coisas precisavam ser colocadas na ordem verdadeira dos fatos. Os ídolos são Gabriel, Pedro, enfim, os jogadores, e não Marcos Braz.

Já o time colorado com o ótimo treinador Mano Menezes, que é mestre em organizar um time de futebol. Em alguns momentos, ele pode ser um pouco mais defensivo, mas ninguém pode dizer que seus times entram em campo desorganizados.

Duelo de estratégias

O jogo começou como era esperado, com uma intensidade alucinante dos dois times e o mais legal é que são dois times fortes, mas com estilos diferentes.

O Flamengo tentando se impor na técnica buscando ditar a dinâmica do jogo enquanto o Inter trabalhava com a marcação muito forte, tentando impor ritmo na força física e nos contra ataques rápidos.

Com Sampaoli, o futebol do Flamengo está mais alegre e, sem dúvida, com os jogadores mais leves com uma competitividade maior.

Ele tirou o Gerson da posição de segundo volante e passou para um meia pela esquerda, às vezes centralizado e outras aberto, como jogou no Olympique de Marselha com o próprio Sampaoli, e seu futebol melhorou bastante.

Detalhe: Dois uniformes lindos. é legal assistir a um clássico desses com os times usando suas camisas oficiais.

A posse de bola junto com os passes certos melhoraram muito com a chegada do Sampaoli, algo que sempre foi da escola flamenguista, mas que ainda não tinha conseguido ser colocada em prática com leveza nesse ano. O Mano já prefere roubar a bola e acelerar com mais agressividade ofensiva. São estratégias diferentes que ficam bem legal em uma partida sem aquele termo que anda em moda no futebol: um "não espelhou" a tática do outro, cada time tentou impor a sua.

Foi um primeiro tempo muito bem jogado, só achei que faltou criatividade para o Inter e agressividade ofensiva para o Flamengo. Com isso, aconteceram poucas chances de gol mesmo com um futebol bem jogado.

Faltou um toque de classe para o time gaúcho e isso quem oferece é o meia Maurício porque a bola não chega limpa para o "tanque colorado" Alemão, que briga o tempo todo e sempre é muito perigoso.

Tanque Colorado era o apelido de Claudiomiro, um dos grandes ídolos do Internacional dos anos 60 e 70 pela sua força física e facilidade para marcar gols, que faleceu em 2018.

Os dois atacante do Flamengo, Gabriel e Pedro, são mais técnicos, saem para a tabela e ocupam bem os espaços deixados pela defesa adversária.

Gostei do primeiro tempo apesar de não ter acontecido nenhuma grande defesa dos goleiros, portanto, nenhuma chance clara de gols para os times.

A velocidade do contra ataque do Inter é impressionante só que as tomadas de decisão foram erradas e em algumas situações erravam o último passe.

Na realidade, esse foi o defeito dos dois times na hora de atacar: o erro do penúltimo e último passe, por isso ninguém conseguiu finalizar em gol com perigo.

Segundo tempo

Depois do intervalo, as jogadas saiam com naturalidade, ultrapassagem pelos laterais —como fez o Colorado com Rene, mas a finalização saiu ruim do atacante Pedro Henrique. A jogada, porém, foi ótima e bem tramada.

A resposta do Flamengo foi rápida com Gabriel que, de frente para o gol, cabeceou bem, mas tirou demais do goleiro Keller. Em seguida, foi a fez de Ewerton Ribeiro, que bateu da entrada da área e a bola passou pertinho, mas ainda sem que os goleiros fizessem defesas.

O confronto chegou aos 15 minutos, e eu acho que os treinadores estão demorando para trocar. Maurício, por exemplo, deveria entrar para dar criatividade e fazer o passe necessário para Alemão e Pedro Henrique.

Do lado do Flamengo, eu colocaria o Marinho para ficar mais forte com o chute de longa distância já que estava difícil de entrar pelo meio tabelando como prefere o time.

Aí vem a jogada maravilhosa do Gerson que, para completar, fez um golaço digno de um craque com o manto sagrado.

Que gol espetacular pela iniciativa de colocar velocidade na jogada, pelo passe que deu ao Gabriel e por ter acompanhado toda a jogada. Espetacular também pela frieza e a classe para resolver o problema da jogada, simplesmente genial!

Aí o Mano mudou, colocando Maurício e Luiz Adriano, e no primeiro toque do Maurício na bola, ela foi para as redes.

Outra bela jogada e com ótima finalização. Era o que fazia falta para esse jogo porque faltava a precisão do último passe pois o jogo estava ótimo, só faltava acertar o gol.

Sampaoli respondeu em seguida com Marinho e Éverton Cebolinha mudando o modo de atacar, mas deixando o time mais leve e agressivo. Marinho aberto na direita; Cebolinha, na esquerda e com um meio campo mais ligeiro e técnico.

O problema é que o Pedro não está gostando de ser sempre substituído. Com Vítor Pereira, era o Gabriel que saía e, às vezes, ficava no banco, mas quando muda um treinador, as ideias e as preferência mudam.

Não tenho dúvida alguma que, mais cedo ou mais tarde, Sampaoli irá optar para um centroavante e se será o Gabriel. Porque ele gosta de jogar com dois caras agressivos pelos lados e um centroavante finalizador, de movimentação e aguerrido, como é o atual camisa 10 da Gávea.

Aos 30 minutos, o sportv mostra a maravilhosa festa da torcida colorada que lotou o lindo Beira-Rio que ficou fantástico.

Início de campeonato é sempre muito interessante. As equipes vão para cima em busca da vitória em casa ou fora pois, quando a tabela se definir a agressividade e a intensidade diminuem muito em alguns jogos, porque quem está lá embaixo na tabela se fecha para tentar um pontinho e lá em cima é a mesma coisa.

Enquanto isso não acontece, vamos usufruir desses grandes jogos como esse Internacional x Flamengo.

No final do jogo, o ritmo caiu bastante, como já era esperado, até porque, quando o jogo começa às 11h, independentemente da temperatura, os hábitos mudam, o tipo e o horário da alimentação atrapalha muito os jogadores.

Emoção até o fim

Mas o final deste jogo ainda seria muito emocionante e que partida fez o Gerson. Não só pelo gol, mas pela visão de jogo, tanto que enfiou o Gabriel na cara do gol de um jeito que só ele percebeu que faria.

Quem pensava que tudo estava definido se enganou porque o Flamengo foi para cima com uma bela cabeçada do Matheus França na trave. Logo na sequência, o Inter foi para cima e numa jogada espetacular e rápida com a bola caindo nos pés do Maurício que fez um gol de manual do grande futebol.

Ele olhou, viu o goleiro Santos adiantado e deu um tapa por cobertura com a sua canhotinha mágica, colocando a bola no ângulo. Um gol sensacional para finalizar um dos melhores jogos do ano.

Além dos golaços de Gerson e Maurício teve também o ótimo trabalho dos treinadores.

Claro que o Mano foi sensacional porque a sua mudança fez o Internacional virar o jogo com dois gols do seu jogador mais técnico e criativo.

O Flamengo está recuperando o seu melhor futebol, e o Internacional mostrou que não entrou nesse campeonato só para lutar pela vaga da Libertadores. Está bem estruturado e organizado mostrando muita intensidade e velocidade nos contra ataques. Será um time difícil de ser batido, principalmente no Beira-Rio.

Achei o Gerson o melhor jogador da partida, mas o Maurício foi mais impactante e decisivo mesmo tendo jogado menos tempo.

Vamos para os jogos da tarde, mas estou gostando do início desse campeonato.