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Cria do Terrão, Jô vira protagonista corintiano com poucos e decisivos gols

Nos últimos seis anos, Jô teve média melhor que a atual em quatro - Marcello Zambrana/AGIF
Nos últimos seis anos, Jô teve média melhor que a atual em quatro Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Dassler Marques e Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

30/04/2017 10h00

Cássio é o membro mais antigo do time titular, Fagner é quem mais usa a braçadeira de capitão, Pablo é o defensor mais firme, Jadson é o diferencial técnico, mas não há nenhum jogador que melhor simbolize a campanha do Corinthians 2017 que Jô. Novamente confirmado na equipe que vai ao Moisés Lucarelli neste domingo, para decidir o Paulistão contra a Ponte Preta, o jogador criado no Terrão se transformou em protagonista de Fábio Carille. 

Nas semifinais contra o São Paulo, Jô marcou no Morumbi e em Itaquera, ratificando o novo título de rei dos clássicos, com cinco gols em cinco duelos contra os rivais paulistas. Os números, somados a um desempenho convincente na construção de jogo corintiano, fortaleceram a ideia de um jogador recuperado para o futebol depois de acumular um histórico difícil extracampo. Curiosamente, a média de gols dele não é tão elevada assim. 

Os sete gols em 21 jogos são inferiores às médias de Jô no mesmo período em 2015 (13 gols), 2014 (oito gols), 2013 (12 gols) e idênticas à 2016 (7 gols). Só em 2012, no auge de seus problemas extracampo, o centroavante fez menos gols - naquele ano, primeiro pelo Inter, depois pelo Atlético-MG, marcou seis vezes em 21. 

A situação é paradoxal e está diretamente ligada ao fato de que o Corinthians atual é um time com maior foco na força defensiva e que se caracteriza por marcar poucos gols. Com os sete que anotou, Jô é não apenas o goleador corintiano em 2017, mas também responsável por 27% dos gols feitos pelo time de Carille. O mais importante dentro desse contexto é que todos os sete marcados, sem exceção, foram importantes para vitórias ou empate nas respectivas partidas.

Alvo de vaias no começo do ano e ameaçado por Kazim, que chegou a tomar a titularidade, Jô deslanchou nos últimos dois meses, justamente a partir do gol contra o Palmeiras, primeiro clássico de 2017. Desde então, se tornou mais ativo na criação de jogadas e arma importante para escorar, pelo alto, bolas esticadas a partir da defesa.

Internamente, Jô também tem tido destaque em orientar os mais jovens e dar exemplos a partir do trabalho diário, em que sempre demonstra empenho, e da conduta regrada, diferente de outros tempos. Muitas vezes contestado no Corinthians, seja quando surgiu da base ou seja no início do ano, provou seu novo status ao ser um dos primeiros a buscar os microfones em eliminação recente, na Copa do Brasil, para pedir tranquilidade. 

Campeão brasileiro em 2005, Jô havia sido promovido no Corinthians duas temporadas antes, quando ainda tinha 16 anos. Chegou a marcar 18 gols em 115 partidas disputadas, com a marca de ser o mais jovem debutante da história corintiana, mas não conseguiu ser unanimidade. Nos dois primeiros anos, os profissionais viveram muitos altos e baixos, o que também dificultou as coisas para ele. Já no ano de despedida, foi ofuscado pelas contratações dos badalados Nilmar e Tevez. Agora, sim, pode ser campeão como protagonista e grande aceitação na torcida. 

Confira o número de gols marcados por Jô nos primeiros 21 jogos dos últimos anos:

2017 - (Corinthians) - 7 gols
2016 - (Jiangsu Suning-CHN) - 7 gols
2015 - (Atlético-MG e Shabad Dubai-EAU) - 13 gols
2014 - (Atlético-MG) - 8 gols
2013 - (Atlético-MG) - 12 gols
2012 - (Inter e Atlético-MG) - 6 gols