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Nós x eles? Polêmica do Atletiba faz times e torcidas atacarem Globo e FPF

Jogo entre Atlético-PR e Coritiba não aconteceu por impasse sobre a transmissão - Cleber Yamaguchi/AGIF
Jogo entre Atlético-PR e Coritiba não aconteceu por impasse sobre a transmissão Imagem: Cleber Yamaguchi/AGIF

Do UOL, em São Paulo*

20/02/2017 04h00

A não realização do clássico entre Atlético-PR e Coritiba, no último domingo (19), pelo Campeonato Paranaense, fez com que as diretorias dos dois clubes, assim como as duas torcidas rivais, se unissem para atacar alvos em comum: a Rede Globo e a Federação Paranaense de Futebol (FPF).

A partida seria transmitida exclusivamente nos canais do YouTube das equipes, sem participação da TV. Porém, alegando problemas no credenciamento da equipe escalada para fazer a transmissão, a federação impediu, de última hora, que o jogo começasse. Como resposta, Atlético-PR e Coritiba se negaram a jogar sem a transmissão online.

"A federação mandou uma ordem para a arbitragem de que não pode ser feita a transmissão de dentro de campo, porque existe o contrato com a Rede Globo", disse o vice-presidente do Coritiba, José Fernando Macedo. "Mas como nós não temos contrato com a Globo, que fizéssemos a transmissão via YouTube".

O diretor de marketing do Atlético-PR, Mauro Holzmann, também mostrou revolta com a situação. "Atlético e Coritiba não venderam seus direitos por essa esmola que a RPC e a TV Globo quiseram nos pagar. É um direito nosso. A federação, de forma arbitrária, quer que nós tiremos a nossa transmissão. Então não vai ter jogo", afirmou.

O técnico atleticano, Paulo Autuori, foi mais um que fez críticas duras ao impedimento do jogo e deixou no ar se a decisão foi tomada apenas pela federação. "Quem é o responsável por uma tomada de decisão dessa, de evitar um jogo sem um motivo? Certamente sozinhos não estão. Há instituições fortes por trás disso. A federação não teria cacife para tomar uma decisão dessa", disse Autuori.

Na Arena da Baixada, as torcidas de Atlético-PR e Coritiba protestaram contra as mesmas entidades. "Globo lixo" e "Federação, vai se f..., o futebol não precisa de você" foram alguns dos gritos ouvidos antes que as arquibancadas se esvaziassem, pouco depois da confirmação de que o jogo não aconteceria. Também houve manifestações nas redes sociais:

 

 

 

O ex-meia Alex, ídolo do Coritiba e atual comentarista da ESPN Brasil, também citou Globo e FPF ao falar sobre o episódio no Twitter:

 

 

"Fica o alerta para que os outros clubes sigam o exemplo de Atlético e Coritiba", disse o presidente do Atlético-PR, Luiz Sallim Emed. "Vamos dizer não. É uma palavra simples. Muitas vezes é isso que a gente tem que fazer: romper com essas coisas. Vamos romper com o status quo".

A revolta dos torcedores ganhou ainda mais peso após publicação do UOL Esporte de um vídeo em que o quarto árbitro, Rafael Traci, afirma que não podia iniciar o jogo enquanto houvesse a transmissão pela internet, alegando que ela não era feita pelos detentores de direitos de transmissão do campeonato.

Outro lado

O presidente da FPF, Hélio Cury, disse que o veto à transmissão online aconteceu porque os profissionais que trabalhariam nela não estavam credenciados corretamente. Ele afirmou que o credenciamento deveria ter sido feito 48 horas antes do jogo, o que não teria acontecido, e negou qualquer influência no fato de o jogo ser transmitido por uma equipe que não é detentora de direitos do campeonato.

Já a Globo negou interferência na decisão da federação de barrar a realização da partida com transmissão online. Segundo a emissora, não existe contrato com Atlético-PR e Coritiba para transmitir o Estadual em 2017.

''O Grupo Globo não tem contrato vigente com Atlético-PR e com o Coritiba nesta edição do campeonato paranaense. Portanto não temos interferência na decisão dos clubes e da Federação de não realizar a partida. Entendemos que cabe aos clubes dispor livremente dos direitos nos jogos em que se enfrentam, e estávamos cientes inclusive da transmissão via Internet'', afirmou a emissora por nota.

*Colaborou Rodrigo Mattos, do Rio de Janeiro