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Controle do Real e silêncio. A noite em que o medo tomou conta do Calderón

João Henrique Marques

Do UOL, em Madri

15/04/2015 06h00

O Real Madrid não venceu, mas fez o suficiente com a bola para silenciar o Vicente Calderón. No empate por 0 a 0 contra o Atlético de Madrid, na noite de terça-feira, na partida de ida das quartas de final da Liga dos Campeões, o time visitante controlou o confronto e fez o medo ser o principal sentimento de uma torcida conhecida pela maneira intensa com que empurra o time.

O UOL Esporte acompanhou o jogo da arquibancada no Calderón. Por lá, os gritos de apoio ao Atlético não ganhavam coro em todo o estádio. Já as comemorações foram limitadas a cada escanteio conseguido a favor – foram sete no total.
 
A maneira fria como o Real se comportou, com quase 60% da posse de bola, e diversas chances claras desperdiçadas, aterrorizou os fãs do time de Simeone.
 
O torcedor do Atlético, Enrico Riguera, é um bom retrato da situação. Com presença frequente no estádio e vestindo a camisa do ex-jogador do time Diego Costa, ele subia no banco e gritava com empolgação logo no começo da partida. Isso por alguns poucos minutos. Passada a euforia inicial, ele já estava sentado e mudo. A tensão tomou conta do ambiente. 
 
“Esse silêncio aqui eu nunca vi. Com certeza o ritmo da partida influencia na nossa maneira de nos comportarmos. Precisamos de resposta do time em campo para apoiar mais”, explicou o fanático.
 
“É uma noite complicada. Não consigo aceitar esse domínio com o time jogando em casa. Está me parecendo normal sair um gol do (Real) Madrid”, palpitou o torcedor do Atlético, Juanjo Ramos, no intervalo da partida.
 
Realmente, torcer para o Atlético de Madrid na noite de terça não foi fácil. O time deu apenas cinco finalizações ao gol, contra 11 do adversário. As maiores manifestações eram as vaias a cada vez que Cristiano Ronaldo tocava na bola.
 
O Vicente Calderón, com capacidade para 55 mil pessoas, e com todos os ingressos vendidos para o confronto, é visto pela imprensa local como um “inferno” aos adversários. O próprio Real Madrid já havia passado por lá em três vezes na temporada tendo perdido todas elas. O placar agregado da temporada foi encerrado em 7 a 0 para o Atlético com as vitórias de 1 a 0 na Supercopa, 2 a 0 na Copa do Rei e 4 a 0 no Espanhol. 
Para o confronto pela Liga dos Campeões, o setor mais barato no estádio tinha ingresso a 70 euros (aproximadamente R$ 260). O mais caro foi 200 euros (cerca de R$ 700).
 
A apreensiva torcida atleticana aplaudiu os “chutões” dado por Miranda da mesma forma como os dribles de Griezmann. Já o ídolo maior, o treinador argentino Diego Simeone, tem qualquer substituição aprovada.
 
Diante do Real, o nome mais gritado foi o do goleiro Oblak. Não à toa, já que o esloveno fez defesas incríveis evitando a derrota. Outro momento de ovação foi a entrada do atacante formado no clube, o espanhol Fernando Torres.
 
No Calderón, parece não haver espaço para críticas. Nenhum jogador do time foi vaiado e a queixa maior era com o árbitro sérvio Milorad Mažić. a cada falta assinalada a favor do Real.
 
Uma prova da boa sintonia da torcida com o time foi dada ao final do jogo. Mesmo sem a vitória, o time se reuniu no centro do campo e aplaudiu a torcida. A resposta veio da mesma forma.
 
O confronto entre Atlético de Madrid x Real Madrid é uma reedição da final da Liga dos Campeões da temporada passada. O duelo de volta das quartas de final agora será realizado no Santiago Bernabéu, dia 22 de abril. Quem vencer está classificado. Empate com gols dá a vaga ao Atlético. E a igualdade sem gols leva a decisão para os pênaltis.