Nada de Palmeiras: torcida do Boca faz festa em SP e só pensa no River
A classificação do River Plate para a final da Copa Libertadores mudou o clima da concentração do Boca Juniors no hotel Grand Hyatt, localizado em São Paulo. Além do elenco, centenas de torcedores se hospedaram no mesmo local e praticamente lotaram o saguão durante todo o dia. O pensamento, entretanto, fugia muitas vezes do decisivo duelo desta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), contra o Palmeiras e mirava no maior rival argentino.
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A reportagem do UOL Esporte passou três horas no local e conversou com dezenas de torcedores, que promoveram uma mudança na rotina do famoso hotel localizado Zona Sul da capital paulista. Desde a tarde de terça, centenas de xeneizes dividiram o espaço com os jogadores, o que obrigou a organização a reforçar a segurança e promover um esquema diferenciado pela demanda. O Palmeiras tem a informação que 1.800 ingressos foram vendidos para o espaço dos visitantes.
Não foram raras as vezes em que o nome do grande rival foi citado. Alguns grupos se dividiam para ofender o River, já pensando em uma possibilidade de final da Libertadores; outros se mostravam inconformados com a polêmica arbitragem da partida contra o Grêmio, responsável por gerar protestos públicos do técnico Renato Gaúcho.
"River Plate deveria sair da Copa Libertadores. Gallardo não poderia ir no vestiário no intervalo, estava suspenso. Mais uma vez descumpriram a regra, já não bastou o caso de Zuculini", descarou Hernán Dimierio, torcedor do Boca de Buenos Aires que chegou na noite de terça ao Brasil.
A reportagem também aproveitou para conversar com profissionais de imprensa que estão hospedados no mesmo local. Desde a vitória por 2 a 1 do River na Arena do Grêmio, o assunto dominante se tornou a possível final inédita, apesar do respeito demonstrado pela capacidade do Palmeiras reverter o duelo - o clube alviverde precisa vencer por três gols de diferença após perder por 2 a 0 em La Bombonera.
Brasileirinhos infiltrados
Engana-se quem pensa que apenas argentinos vestiam as cores azul e amarela no saguão do hotel paulistano. Um grupo de crianças de diversas escolinhas oficiais do Boca Juniors esteve no local e conseguiu um raro acesso aos jogadores, não concedido para quase todos os torcedores que viajaram do país vizinho.
Os meninos conheceram alguns atletas e saíram de lá com autógrafos de nomes como Tevez, Buffarini, Rossi e Mauro Zárate. Até quem era palmeirense se rendeu aos atletas do clube mais popular da Argentina. "Não importa se perder, gosto do Boca também. Ainda temos o Brasileiro também", disse o tímido Caio Lanza, de apenas 8 anos.
Segundo Nilton Campos, coordenador das unidades de São Caetano e São Bernardo, o Boca Juniors possui mais de 40 escolinhas espalhadas pelo Brasil e costumeiramente promove esta interação quando visita o Brasil. Os espaços atendem crianças de 3 a 17 anos e possui alunos brasileiros em quase sua totalidade.
O único momento de convivência dos argentinos com os atletas ocorreu no fim da manhã desta quarta-feira, quando um grupo de jogadores passou pelo saguão para ir à academia realizar uma sessão leve de exercícios. Entre os mais assediados estava Dario Benedetto, autor dos dois gols na ida que tornam o Boca Juniors favorito para ir à decisão com o River.
Até declaração polêmica de Eduardo Bolsonaro é ignorada
O pensamento direcionado ao River Plate em uma possível decisão, em jogo que irá "parar a Argentina", conforme unanimidade repetida pelos jornalistas presentes, fez os torcedores ignorarem até mesmo uma declaração polêmica sobre a casa xeneize.
Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal eleito e filho do futuro presidente brasileiro, declarou em aparente tom de brincadeira que La Bombonera "cheira mal". Nem a provocação de um nome importante da política local afastou o pensamento do jogo e da possível decisão com o rival.
"Não querem saber de nada. Só querem saber da chance de Boca x River", resumiram jornalistas presentes na cobertura.
Poucos torcedores quiseram tratar sobre o assunto. Quem falou, porém, relembrou as seguintes declarações polêmicas do deputado e do pai para questionar a possível brincadeira.
"Falou isso, mas sabemos que ele e o pai são racistas, homofóbicos. Isso é pior do que feder. Queremos apenas saber do Boca, é o que importa, ainda mais com a chance de ter a final com o River", sentenciou Julen Silva, estudante de direito que chegou na tarde de terça a São Paulo.
"F...-se Bolsonaro. Só importa o Boca", reforçou um amigo de passagem enquanto a reportagem conversava com Julen, deixando claro que há apenas um tema na cabeça do torcedor: a chance da final com o River Plate.
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