Atletas do River são queimados por gás da torcida do Boca; jogo é suspenso
O clássico entre Boca Juniors e River Plate, que estava 0 a 0 no fim do primeiro tempo, foi suspenso em decorrência de uma violência contra o time visitante na Bombonera. O problema foi causado por uma espécie de gás de pimenta lançado no túnel de acesso dos atletas, que foram diretamente atingidos. Depois de cerca de uma hora de paralisação, a Conmebol e o trio de arbitragem anunciaram que o jogo não continuará nesta quinta.
A informação foi dada pelo árbitro Darío Herrera em entrevista à rádio Mitre. A suspensão foi definida depois de seguidas conversas entre jogadores, dirigentes dos clubes e representantes da Conmebol, que deixaram o peso da decisão nas costas do juiz. No fim, pesou a condição física do elenco do River Plate. Não há, no entanto, uma definição sobre o futuro da eliminatória.
"Estão queimados por uma substância irritante. Temos quatro jogadores comprometidos", disse o médico do River, Pedro Hansing, ao La Nación. "Eles têm queimaduras de primeiro grau, não podem continuar", completou o médico do jogo, de acordo com a TyC Sports. Três deles ao menos são Funes Mori, Kranevitter e Ponzio, que tiraram a camisa e mostraram marcas de queimadura nas costas.
Ao jornal La Nación, Marcelo Gallardo, técnico do River, disse que o gás foi lançado dentro do túnel inflável que é instalado pela organização do jogo. Veja o momento em que um torcedor abre espaço no túnel para atirar algo no espaço privado do River Plate:
As imagens de TV mostraram todo o elenco visivelmente abalado pelo gás, com incômodos nos olhos e recorrendo a muitas garrafas d’água. O trio de arbitragem acompanhou toda a movimentação, ouviu as reclamações do River e não tomou nenhuma atitude imediata. Representantes da Conmebol foram ao gramado, viram o estado dos jogadores e disseram que a decisão de suspender o jogo, ou não, caberia a Dario Herrera, juiz do Superclássico.
"São uns covardes. É uma partida de futebol, não uma guerra. Não tenha boa visão do olho. É lamentável, nunca vi algo assim", disse Funes Mori ao La Nación. "Isso é vergonhoso e lamentável. Faz uma hora e pouco que estamos esperando", disse Gallardo ao Sportv.
"Demoramos porque fizemos todo o possível para que o jogo retornasse", argumentou o árbitro à rádio Mitre.
Rodolfo D'Onofrio, presidente do River Plate, chegou a entrar no gramado acompanhado de outros cartolas para discutir com os árbitros. Quando tentaram retornar aos vestiários, porém, nem a forte proteção policial conseguiu parar os ataques de vandalismo da torcida do Boca, que tentava atingir os cartolas com chutes e arremessos de objetos.
A confusão chegou ao cúmulo quando um drone invadiu o espaço aéreo do gramado pendurando uma espécie de "fantasma" com a letra B escrita em vermelho. Trata-se de uma piada recorrente na Argentina sobre o "fantasma da B", fazendo menção ao rebaixamento recente do River Plate.
Depois de mais de 45 minutos de jogo paralisado, a Polícia Federal Argentina entrou em campo para tirar fotos das marcas de gás da torcida e conseguir provas do ocorrido. De acordo com o Sportv, as camisetas com resíduos do gás serão levadas para perícia.
Nem cancelamento resolve
A suspensão do jogo não acalmou os ânimos na Bombonera. Depois do anúncio oficial, boa parte dos torcedores se mantiveram no estádio cantando e protestando contra a decisão. A disposição dos fanáticos manteve os dois times dentro de campo por mais uma hora. O motivo? A falta de segurança.
O ápice da desorganização ocorreu quando a polícia local tentou tirar o elenco do River Plate do gramado o conduzindo pelo túnel dos árbitros, que fica um pouco mais distantes dos setores das organizadas, onde se concentravam a maior parte dos vândalos. Ainda assim, a tentativa foi frustrada por dezenas de garrafas arremessadas, que forçaram as autoridades a mudarem a estratégia.
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