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Em meio a guerra interna, Flu vê na Sul-americana chance de grana e taça

Abel Braga comanda time contra equipe equatoriana - Luciano Belford/AGIF
Abel Braga comanda time contra equipe equatoriana Imagem: Luciano Belford/AGIF

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/06/2017 04h00

A véspera do jogo do Fluminense contra a Universidad Catolica de Quito, nesta quinta, às 21h45, no Maracanã, começou quente nos bastidores das Laranjeiras.

Após uma reunião com o presidente Pedro Abad, Pedro Antonio, vice-presidente de Projetos Especiais do Flu, recebeu a notícia de seu desligamento. Financiador do centro de treinamento que leva o seu nome e entusiasta do estádio no Parque Olímpico, o ex-dirigente tornou-se protagonista de uma guerra política que racha o clube.

Sem Pedro Antonio, a classificação na Copa Sul-Americana é ainda mais importante se levado em conta o aspecto financeiro. Além do inédito título sul-americano, o Flu sonha com os 4,9 milhões de dólares (R$ 16,1 milhões) que a Conmebol pagará ao campeão do torneio continental. A competição é tida como estratégica, já que pode garantir vaga na Libertadores e impulsionar a presença do Flu no cenário internacional.

Afundado em dívidas, o Fluminense tem no seu "ex-mecenas" um credor: apenas em adiantamentos do CT, o clube deve milhões a Pedro Antonio, que não terá retirado o nome das instalações tricolores. Internamente, o débito é tratado como mais um entre tantos que o Flu tem de saldar, mas a questão é central na disputa política.

Ao romper seu vínculo com Abad e o Flu-Sócio, grupo de sustentação política do do presidente e de Peter Siemsen, seu antecessor, Pedro Antonio assume o posto de um dos principais nomes da oposição e um virtual candidato ao próximo pleito.

O clima eleitoral, aliás, foi um fator decisivo para a exoneração. A divulgação do projeto do estádio e algumas declarações públicas que deixaram Abad em situação desconfortável pegaram muito mal no clube. A cúpula tricolor considera que há um viés eleitoreiro nas atitudes do antigo dirigente, que teria forçado esta situação para já se colocar como a alternativa mais viável para assumir a presidência.

Apesar da sucessão já estar em pauta, Pedro Abad foi eleito ainda no fim do ano passado e terá mandato até o fim de 2019. Incoerências nas contas de 2016, negociação de jogadores e o caos financeiro do clube são munições para os opositores contra a atual gestão, que adota uma política de austeridade máxima para reparar erros do passado. Apesar da mudança de rumo, Abad era o presidente do Conselho Fiscal durante um período que Siemsen passou no comando. Procurado pelo UOL Esporte, Pedro Antonio não se manifestou.

Para sorte do técnico Abel Braga, o futebol do Fluminense vive alheio ao ambiente político do Tricolor. Como todas as atividades são realizada no CT, o grupo não é afetado diretamente pelas disputas internas nas Laranjeiras, o que facilita a blindagem do elenco, hoje formado majoritariamente por pratas da casa, o que também é uma consequência direta da penúria nas finanças.

"Não me diz respeito comentar a saída do Pedro Antonio. Agora, se foi problema político, espero que não entre aqui no CT", pontuou Abel.

A briga pelo poder já chega na arquibancada do Maracanã. Durante os jogos do time, não é raro ver discussões entre torcedores que são motivadas não apenas pelo desempenho da equipe, mas também por opções políticas. Na última parcial divulgada, o Fluminense informou que mais de 8,5 mil ingressos foram vendidos para o duelo diante dos equatorianos.