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Filho de campeão da Copa do BR torce pelo Grêmio do México e mira retorno

João Antonio carrega o nome do pai, ídolo do Grêmio e autor de gol em final de Copa - Assessoria/Jaguares
João Antonio carrega o nome do pai, ídolo do Grêmio e autor de gol em final de Copa Imagem: Assessoria/Jaguares

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

23/11/2016 11h00

Era 1997, final da Copa do Brasil contra o Flamengo. Um empate em Porto Alegre e decisão no Rio de Janeiro. Quem abriu o placar foi João Antonio. Um dos ídolos da torcida azul, branca e preta, criado no clube, foi fundamental no 2 a 2 que deu taça. E criado no Grêmio, seu filho que carrega o mesmo nome e posição em campo, torcerá muito pela equipe direto do México. 
 
Com 22 anos, João Antonio Silveira Martins é herdeiro de uma posição de peso no Tricolor. Começou a carreira no clube trilhando os passos do pai, deixou o Grêmio em 2011 e rodou por vários clubes no Brasil. Hoje é titular do Jaguares, do México, e atendeu a reportagem do UOL Esporte para falar sobre sua equipe do coração prestes a abrir uma final. 
 
Entre outras situações, revelou o desejo de um dia voltar e a torcida pelo time gaúcho, mesmo longe. Confira o bate-papo com João Antonio, o herdeiro do meio-campista autor de um dos gols da final de 1997. 
 
UOL: Como você vê esta final da Copa do Brasil, torce para o Grêmio?
João Antonio: Oportunidade de acabar com o jejum de títulos nacionais, voltar a ter o respeito que o Grêmio sempre teve perante todos clubes brasileiros. Copa do Brasil me remete a muitas lembranças, lembranças de superação e vitória, minha torcida é garantida.
 

João Antonio, pai e filho, pelo Grêmio - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

UOL: Você e seu pai ainda torcem pelo Grêmio?
João Antonio: Torcemos sim, nossa identificação com o clube é muito grande, meu pai por toda a história vitoriosa como jogador e atualmente trabalhando ativamente nas categorias de base do clube, e eu, por estar dos 6 aos 16 anos dentro do clube, formação que hoje em dia me dá um suporte muito grande.
 
UOL: Pretende voltar um dia para o futebol brasileiro... quem sabe jogar no Tricolor? 
João Antonio: Na carreira de atleta profissional do futebol, é muito difícil fazer planos a longo prazo. Eu sempre procuro viver meu momento e desfruta-lo ao máximo, o futebol mexicano está crescendo muito, as pessoas são tão apaixonadas por futebol quanto no Brasil, estou muito feliz aqui. O Brasil é meu país e Porto Alegre minha cidade, um dia voltarei, e quem sabe dou o orgulho a minha família de vestir a camisa tricolor. 
 
UOL: Como você avalia seu momento no futebol mexicano?
João Antonio: Estou vivendo um dos meus sonhos, jogar em outro país, ter diferentes desafios, sempre foi o que eu quis. Estou há apenas 5 meses no país e já vejo meu crescimento como atleta, na parte tática principalmente. No Brasil sempre atuei de meia e segundo atacante, sempre me destacando na parte ofensiva da equipe. No México já agreguei mais duas posições diferentes dessas, posições onde tenho a tarefa de iniciar a transição defesa-ataque e cumprir um papel defensivo importantíssimo. Aqui o futebol coletivo é muito importante, tem que aprender a cumprir mais de uma função, ou perde espaço. Acredito que o futebol mundial tende a isso, cada vez mais jogadores inteligentes, preparados física e psicologicamente, que jogam para a equipe vão surgir, só a parte técnica não resolve mais, pensando assim, aposto muito que o México seja uma ótima alternativa para o mercado. 
 

João Antonio, filho, pela escolinha de futebol do Grêmio - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

UOL: Como foi sua passagem pelo Grêmio e como acabou saindo?
João Antonio: Cheguei no Grêmio aos 6 anos, nas escolinhas, o famoso Cristal. Desde então fui crescendo ano a ano, até chegar nas categorias de base, onde fiquei até o Sub-17, em 2011. Esses 10 anos de formação foram essenciais para tornar-me o jogador que sou hoje, tanto tecnicamente quanto psicologicamente, não foram só momentos bons, e acredito que as dificuldades que eu passei lá me fortaleceram para depois enfrentar tudo que eu enfrentei pela frente. Em dezembro de 2010, fomos campeões brasileiros da categoria, lembro de ter anotado um gol importante na primeira partida, éramos 18, dos 16 jogadores que tinham completado 16 anos no ano e tinham condições legais de assinar o primeiro contrato profissional, e a diretoria da época profissionalizou apenas 15, deixando apenas um para o "ano que vem", diante de muitas circunstâncias passadas além dessa, em março de 2011, resolvi deixar o clube e buscar um caminho diferente. Confesso que com a minha mentalidade na época, 16 anos, achava que ia conseguir jogar em qualquer clube brasileiro e que seria tudo muito fácil, foi totalmente o contrário. Tive passagens pelo Fragata-RS e Botafogo-RJ e depois tive meu primeiro contrato profissional atuando pelo Comercial-SP em 2012, onde fiquei até final de 2013. Início de 2014 disputei a famosa Copa São Paulo pelo Mirassol-SP, onde fui destaque, em seguida acertando com o Juventude-RS, que foi meu último clube de base. Em 2015/16 jogando no interior do futebol gaúcho no Palmeirense e Marau, disputando a Segundona Gaúcha e Divisão de Acesso respectivamente, foi onde mais cresci como pessoa, realmente conheci o que é a realidade do futebol brasileiro e a dificuldade que milhares de jogadores passam. Dificuldades essas, que junto à minha experiência na base do Grêmio, aos 3 anos jogando fora do estado em que vivia minha família, me tornaram impenetrável. Hoje vejo a minha evolução e agradeço a Deus por todas dificuldades que passei, se não fossem elas, muito provavelmente que não estaria vivendo um sonho.
 

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