O drama do pai e filho no meio da briga em Goiás: "não volto mais"
As veias da garganta pulsando denunciavam o coração acelerado pelo medo. Apavorado, Heitor Ferreira, 5 anos, estava no colo do pai. Ao redor dele uma horda com camisas do Goiás e do Vila Nova se digladiavam.
Balas de borracha zuniam, bombas de efeito moral pipocavam, e um torcedor desacordado era atingido por pauladas, socos e chutes. Impotente, Warley Ferreira, 39 anos, colocou o filho no colo e levantou os braços sinalizando que não desejava briga. O instinto de sobrevivência de Heitor também estava ativado. Ele imitou o gesto.
Warley conta que não é de ir aos clássicos goianos. Resolveu ver o jogo da Série B, no sábado (24), somente porque o filho iria entrar em campo com os jogadores. O menino faz a escolinha do Goiás e acompanhou o lateral esquerdo Carlinhos.
“Queria que ele sentisse a emoção de um jogador. O Heitor está empolgado, treinando na escolinha do Goiás. Mas na hora que falaram que era contra o Vila, não achei muito bom. Mas como no jogo do (Campeonato) Goiano não teve confusão, achei que seria seguro. Infelizmente a gente não adivinha o amanhã.”
“Fiz isso para a polícia ver que eu não era brigão. Minha preocupação era dar segurança para ele. Eu ficava tentando acalmar ele: 'Calma filho, calma’, falava a toda hora. Nessa hora o pai pensa só filho.”
Heitor não volta tão cedo ao estádio.
O susto passou e Heitor não dá sinais de que ficou impressionado com a briga. Ele dormiu bem durante a noite e no domingo brincou tranquilamente. Mas Warley já decidiu que enquanto o menino for pequeno, não voltará ao campo.
"Não volto para estádio com meu filho".
Ele pede mais segurança para as famílias poderem assistir aos jogos em paz. A imagem veiculada em rede nacional assustou parentes e amigos, que ligavam para saber se estavam bem. Por sorte, a mãe de Heitor é professora e cuidava da apresentação de sua turma na festa junina da escola.
Warley cobra os organizadores afirmando que é responsabilidade deles garantir que as pessoas saíam ilesas de um estádio. Como não contou com este apoio, pegou o filho no colo assim que a briga começou e experimentou uma sensação extremamente desagradável.
“Sentia o Heitor agitado no colo, nervoso com medo. Ele só saiu do colo quando entrou no carro."
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