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Espaço, modelo de jogo e valorização. Grêmio se volta para a base

Pedro Rocha é um dos casos de sucesso da base no Grêmio atual - Daniel Vorley/AGIF
Pedro Rocha é um dos casos de sucesso da base no Grêmio atual Imagem: Daniel Vorley/AGIF

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

12/08/2017 04h00

Esqueça o Grêmio das contratações milionárias, em série, e com pouco espaço para jovens formados nas categorias de base. Desde 2015 o clube gaúcho trabalha para ter mais jogadores oriundos de times inferiores e, na atual temporada, atingiu um estágio avançado dessa política. Agora o Tricolor se prepara para o próximo passo.

A nova etapa visa padronizar o modelo de jogo em todos os times do clube. O estilo de Renato Gaúcho, com equipe ofensiva, será difundido em todas as esferas.

A demissão de Valdir Espinosa, coordenador técnico, não afeta o projeto. Pelo contrário. Um dos argumentos usados pelo Grêmio para desligar o histórico treinador foi justamente de que ele não aceitou funções específicas para ligar time principal e categorias de base.

Espaço

O elenco principal do Grêmio é composto por 33 jogadores fixos. Destes, 10 deles saíram da base do Tricolor. O número de opções à disposição de Renato Portaluppi aumenta de acordo com necessidade. Em determinado momento, nos últimos 60 dias, o grupo chegou a receber oito garotos para completar delegações e equipes no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.

Nessa lista os nomes mais destacados são: Patrick, Jadson e Dionathã. Também foram usados recentemente Conrado, Pepê e Jean Pyerre.

“Eu gosto de trabalhar com garotos. Toda semana enfrentamos eles em coletivos pra observar. A base tem feito um bom trabalho, tem garotos de futuro, temos que ir trabalhando, corrigindo, dando chance na hora certa, tem que soltar na hora certa, não dá pra por em fria, pode queimar os garotos”, comentou Renato Gaúcho.

Modelo de jogo

Em meio às boas atuações do Grêmio, a diretoria montou um projeto para levar os métodos de treino e as ideias de jogo do CT Luiz Carvalho para o CT Hélio Dourado. Ou seja: expandir os princípios usados por Geromel, Arthur, Pedro Rocha e Luan para todos os times. Inclusive os da Escola de Futebol, que engloba categorias infantis e de iniciação ao esporte.

“Estamos estudando como aplicar. A base já desempenha um excelente trabalho e queremos completar com esse estilo de jogo. De posse de bola, troca de passes curtos e ofensividade”, explicou Odorico Roman, vice de futebol.

Valorização

Os times da base do Grêmio ainda bebem do trabalho feito a partir de 2013, na gestão Fábio Koff, que apostou forte na prospecção e captação de talentos. Foi nesse período que nomes como Pedro Rocha, Everton e Luan chegaram ao clube.

A ideia, implementada lá atrás e mantida até agora, é valorizar o clube como formador. Além do retorno técnico, a parte financeira é a motivação. Com os jovens, o Grêmio quer aumentar as receitas e turbinar seu orçamento.

“O Grêmio é muito grande e precisa fazer mais jogadores, despertarem interesse da Europa. Trabalhamos para isso”, resumiu Renato Gaúcho.

A valorização de jogadores promovidos da base se confirma em casos bem atuais e práticos. Luan, no clube há quatro anos, deverá ser centro de uma transferência de pelo menos 18 milhões de euros. Pedro Rocha pode render mais 12 milhões de euros. E quem vem abaixo deles ainda não tem valor definido.

O terceiro trabalho de Renato Gaúcho no Grêmio é diferente dos demais por manter diálogo aberto com a base. E por dar abraçar a ideia de usar mais jovens e não apostar tanto em medalhões.

A ideia de utilizar jovens também se explica pelo cenário financeiro crítico do clube até 2015. Depois de investir pesado para disputa da Libertadores em 2013, o clube teve de liberar jogadores com salários altos – como Barcos, Marcelo Moreno e depois Giuliano. Oxigenando o grupo, diminuindo a folha e dando brecha para os jovens.

O Grêmio atual é dos jovens. E no futuro deverá ser ainda mais.