Topo

"Time do Povo"? Entenda como Cruzeiro criou ação que gerou polêmica em BH

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

23/09/2015 06h00

“Time do Povo”. Esta é alcunha que o Cruzeiro adotou na última semana após o bom comparecimento do público nos jogos contra Figueirense – 39.042 presentes – e Atlético-MG – 45.991 pessoas –, ambos pelo Brasileirão. O assunto criou polêmica em Belo Horizonte, sobretudo após declaração de Bruno Vicintin, vice-presidente do clube, na qual alfinetou o arquirrival. Mas o que fez com que o atual bicampeão brasileiro tenha assumido esta nomenclatura?

A resposta parece simples para os membros da diretoria cruzeirense. Responsável pelas ações de marketing da agremiação desde a saída de Marcone Barbosa para o Fluminense, Robson Pires explicou a campanha lançada em redes sociais e que acarretou também na confecção de camisas.

O dirigente garante que três foram os motivos para o lançamento imediato da ação: a história do Cruzeiro, fundado por imigrantes italianos em 1921 como Palestra Itália, a presença maciça da torcida nos dois compromissos mais recentes no Mineirão, quando cobrou entre R$ 20 e R$ 120 em ingressos, e a declaração polêmica do novo cartola, em áudio vazado por meio do aplicativo WhatsApp.

“Com essas mudanças que o presidente fez agora, de diretoria e tudo mais e até atendendo às cobranças da torcida, nos dois jogos que tivemos, Figueirense e clássico, colocamos mais de 80 mil pessoas no campo. Eles abraçaram o time e cantaram de forma impressionante por mais de 30 minutos sem parar. Levantaram uma história antiga da origem do Cruzeiro. O Cruzeiro sempre foi tido e havido desde a sua origem como time do povo, ele foi formado por imigrantes. Sempre teve isso em sua história. Agora ficou mais arraigado nessas mudanças que o presidente tomou à frente do Cruzeiro. Isso aflorou”, declarou Robson Pires ao UOL Esporte.

“É lógico que a fala do Bruno (Vicintin, vice-presidente de futebol) ajudou a colocar isso na vitrine, mas essa ligação do Cruzeiro como time do povo faz parte da história, da origem dele. Um clube de imigrantes, trabalhadores que passavam por dificuldades e eram pessoas realmente do povo. Temos isso na nossa origem. Aproveitamos o mote, a direção que o presidente imprimiu nessa campanha e aproveitamos para capitalizar. Lançamos uma camisa que vamos colocar nas lojas oficiais do clube. E essa camisa vem com essa campanha: “Time do Povo”. Vamos seguir a campanha porque é a identificação da torcida do Cruzeiro, uma torcida popular, que abraçou o time”, acrescentou.

No dia seguinte ao clássico válido pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro, uma conversa de Bruno Vicintin com amigos vazou de um aplicativo para celulares. Na ocasião, ele enalteceu a torcida cruzeirense e criticou os públicos obtidos pelo adversário.

“Este negócio de time do povo dói dentro da alma deles, porque eles sempre foram clube de elite, tanto que eles estão em Lourdes, né? E o Cruzeiro no Barro Preto. E o Cruzeiro foi um time de imigrante, um time de operários, e a gente tem que abraçar este negócio de time do povo também, vou começar a falar isso”, afirmou à época.

“Ninguém fala nada, parece que nossa torcida é uma torcida comum, isso tem que acabar, os caras têm que começar a dar valor para a torcida do Cruzeiro, nossa torcida não é uma torcida comum, é uma das maiores torcidas do Brasil, uma das melhores torcidas do Brasil, o que fez ontem (domingo) foi fenomenal, a torcida abraçou o time quando mais precisava, os jogadores estão sentindo isso, o Fábio falou isso ontem (domingo) quando a gente fecha no vestiário, e tem que bater nisso, time do povo, time do povo, time do povo, porque é o time do povo, é o time que quando precisa, a torcida vai, não abandona time, poucas torcidas do Brasil podem falar isso”, completou.