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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Carrasco do Flamengo brilha no River Plate e é o craque do ano na Argentina

Esequiel Barco comemora golaço pelo River Plate no Monumental de Núñez - CARP Twitter
Esequiel Barco comemora golaço pelo River Plate no Monumental de Núñez Imagem: CARP Twitter

Colunista do UOL

24/04/2023 09h17

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Nove vitórias seguidas sem sofrer gols no futebol argentino. O líder absoluto River Plate voltou a ganhar, ontem (23) à noite, num Monumental de Núñez com 84 mil torcedores e com um futebol vistoso ao fazer 2 a 0 no Independiente, em um clássico desigual.

E quem mais refletiu esta desigualdade foi o atacante Esequiel Barco.

Revelado justamente no Independiente, o hoje dono do ataque do River desequilibrou mais uma vez. Abriu o placar com uma bomba de direita no ângulo e provou que é, com folgas, o craque do ano até aqui no futebol argentino.

A coluna vai além. Há muito tempo um jogador não chama a atenção por nível tão alto na liga local. Não é exagero colocar Barco até acima de Julián Álvarez e Enzo Fernández, que em 2022 saíram de Núñez para a Europa (e para o Qatar na vitoriosa campanha da seleção argentina na Copa do Mundo).

E quem foi o último a jogar tanto quanto Barco no Campeonato Argentino?

Um ótimo nome seria o de Lucas Alario, centroavante que brilhou na Libertadores de 2015 pelo River, foi convocado pela seleção argentina e se transferiu em 2017 para o Bayer Leverkusen.

Outro? Lautaro Martínez, que explodiu pelo Racing no semestre anterior à Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

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Após ser vendido, Barco doa €800 mil para melhorar a base do Independiente
Imagem: CAI Divulgação

Carrasco do Fla

Barco, os mais atentos vão ligar o nome à pessoa, era aquele atacante franzino e atrevido que destruiu a defesa do Flamengo na final da Copa Sul-Americana de 2017, sendo campeão em pleno Maracanã.

Com apenas 18 anos, controlou o jogo e a responsabilidade, como na cobrança perfeita de pênalti lembrada até hoje pela imensa maturidade com tão pouca idade.

Foi, de fato, uma atuação histórica.

Barco perambulou depois pelo futebol dos Estados Unidos, teve atos de indisciplina e no ano passado voltou ao River, quando muitos pensaram que ele despontaria sob o comando de Marcelo Gallardo e chegaria à seleção argentina.

Que nada. Muitas vezes isolado na esquerda do ataque, e sofrendo com a violência do Campeonato Argentino, ele terminou a temporada como a decepção da equipe.

Veio então o técnico Martín Demichelis, e Barco, recém-completados 24 anos, passou a navegar pelas águas argentinas com destreza apreciável.

Agora jogando pelo lado direito, ou pelo centro do campo, triangulando jogadas inteligentes com Nacho Fernández, pela esquerda, ou com Lucas Beltrán, pelo meio, ele está com números excelentes pela equipe.

Nos últimos cinco jogos, marcou simplesmente quatro gols, mesmo com sua principal função no gramado sendo justamente servir os companheiros.

"Cantemos todos que Núñez está em festa", é um dos gritos de guerra da torcida do River, que começa a semana com a ideia fixa de que chegou a hora. Este time está pronto para encarar Flamengo e Palmeiras e trazer a Libertadores de volta a Buenos Aires.

A Copa termina em novembro, e não há campeões em abril. Mas que é um time de encher os olhos, ninguém pode negar, bem como o alto nível de Barco, a "reencarnação" de Ariel Ortega, o "Burrito", um dos grandes ídolos da história recente do clube por sua altíssima capacidade de driblar e golear.

O primeiro encontro contra um forte brasileiro para medir a capacidade deste River já está no horizonte.

Será contra o Fluminense de Fernando Diniz, no Maracanã, no próximo dia 2, pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores.