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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Por que o reforço do Corinthians é chamado de o 'novo Fernando Redondo'?

Fausto Vera, volante argentino de 22 anos, contratação do Corinthians - Reprodução/Instagram
Fausto Vera, volante argentino de 22 anos, contratação do Corinthians Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

26/07/2022 04h00

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A torcida do Corinthians está empolgada com a chegada do volante Fausto Vera, de 22 anos. E com razão. Mergulhada no futebol argentino, a coluna ouve com frequência os portenhos dizerem que o reforço corintiano é a versão 2022 de ninguém menos que Fernando Redondo, um dos grandes craques da história recente do futebol mundial.

É claro que a comparação é mera fantasia. Botar em Vera a pressão de ser "o novo Redondo" não faz sentido nem agora nem na sequência da carreira, mas há sim uma ligação do agora corintiano com o elegante cabeludo do Real Madrid.

E quem alimenta tal paralelo é justamente Vera.

Em entrevista à "ESPN" da Argentina, em maio, ele disse que se inspira e tenta reproduzir em campo o que vê nos vídeos justamente de Redondo. O curioso é que Fausto era companheiro de clube no Argentinos Juniors do filho de Fernando, Federico, que também é volante.

Até o físico é muito parecido. Redondo media 1,86 metro e pesava 78 quilos. Vera, segundo o Argentinos Juniors, tem os mesmos 78 quilos distribuídos por 1,85 metro.

"Adoraria ter uma conversa com Redondo, que é meu ídolo, mas sem pressa. As coisas acontecem. Outras duas referências na posição para mim são Busquets e Casemiro", disse Vera à ESPN.

Até como um "empurrãozinho" para a negociação, Vera melhorou demais nas últimas partidas pelo Argentinos Juniors. Quem acompanha o clube de perto sabe que o "Bicho", como é chamado o clube, foi o berço de mega estrelas, como Diego Armando Maradona, Juan Román Riquelme, o próprio Fernando Redondo e Juan Pablo Sorín.

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Fausto Vera admite inspiração em Fernando Redondo
Imagem: Reprodução TV

Passos firmes e cabeça no lugar

A fama de o Argentinos ter "o maior celeiro do país" se justifica, tamanha a qualidade das divisões de base da equipe do bairro portenho de La Paternal.

E tal importância está registrada na própria trajetória de Vera, que se despede agora da equipe como o principal jogador do time e o capitão, apesar da pouca idade.

Vera fez testes também no Boca Juniors e no River Plate quando tinha apenas sete anos. Passou nos dois. Mas decidiu pelo Argentinos Juniors justamente pela estrutura voltada à base e sem as megalomanias da dupla gigante de Buenos Aires.

Outro fator que contou para a devida maturação do volante é a batuta do técnico Gabriel Milito.

O ex-companheiro de Ronaldinho no Barcelona (era zagueiro) é hoje um dos melhores treinadores da Argentina. Discreto e competente, é outro que merece uma oportunidade em gramados brasileiros.

O Corinthians não foi o primeiro grande sul-americano a tentar a contratação de Vera. Vice-presidente de futebol do Boca, Riquelme negociou pessoalmente com o jogador no mês passado.

A negociação parecia adiantada, até pela influência de Román, ex-jogador do Argentinos, mas Cristian Malaspina, presidente do clube, recusou a proposta imaginando que viria uma oferta mais vantajosa do exterior.

Chegou, do Corinthians, que contrata, assim, um jogador que "desarma como um camisa 5 e dribla e arma como um camisa 10", como definem as transmissões das rádios La Red e Mitre, as duas principais do futebol na Argentina.

Vera estreou como profissional em 2018, depois de apenas 35 jogos nas divisões de base (tal precocidade comprova sua capacidade desde muito novo).

Outro motivo de empolgação: ele defendeu a seleção de base da Argentina em duas categorias diferentes em 2019 e 2020, a Sub-20 e a Sub-23.

Claro que cartaz na Argentina não significa sucesso garantido no Brasil.

O exemplo mais claro disso é Matías Defederico. Ele brilhou no Huracán em 2009, era o craque do país, pedido até para a seleção de Maradona na Copa de 2010, mas passou em branco no Corinthians.

Vera, claro, escreve sua própria história e não merece carregar opiniões exaltadas, nem de analistas nem de jogadores do passado.

Quem, porém, está habituado a vê-lo sempre nos difíceis gramados argentinos sabe que se trata, sim, de uma promessa das mais interessantes surgidas nesta década.

Desarma como um 5 e dribla como um 10. Mestres das sínteses (e dos volantes), os argentinos seguem bem representados demais no futebol brasileiro.

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