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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Drogas e escravidão: As novidades na investigação da morte de Maradona

Diego Maradona é apresentado como técnico do Gimnasia y Esgrima - Marcelo Endelli/Getty Images
Diego Maradona é apresentado como técnico do Gimnasia y Esgrima Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Colunista do UOL

11/03/2022 04h00

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A investigação da morte de Diego Maradona, ocorrida em 25 de novembro de 2020 por uma parada cardiorrespiratória, ganhou importantes novidades nesta semana em Buenos Aires. Primeiro: Matías Morla e Victor Stinfale, seus representantes e advogados em diferentes momentos no fim da vida, estão sendo processados e foram intimados a depor "por apropriação indébita" dos bens do astro. Segundo: a família de Maradona emitiu ontem (10) uma dura carta reforçando o pedido de justiça e comemorando a convocação.

O comunicado dos familiares de Diego chegou a citar até mesmo um termo equivalente à escravidão — o original em espanhol era "reducción a la servidumbre", quando alguém é submetido ao poder e à propriedade como se fosse um objeto ou um animal, ficando sem direito algum como ser humano.

A carta foi assinada pelas filhas mais velhas do astro, Dalma e Giannina, Claudia, sua ex-mulher, e Verónica Ojeda, sua ex-noiva e mãe de Dieguito Fernando, de nove anos. A terceira filha, Jana Maradona, não integra o comunicado, mas Diego Júnior (reconhecido quando tinha 30 anos), sim.

"Nossa intenção, e de nossos advogados, é averiguar o que aconteceu na vida do nosso pai em seu último tempo, A VERDADE DE SEU FINAL (na grafia original)", assinaram os herdeiros de Maradona.

"Também, SABER A VERDADE das ações do seu entorno, que o rodeou e o isolou nos últimos anos da sua vida (provavelmente abandonando-o à sua sorte no final), esvaziando o seu patrimônio e fazendo-se milionários da noite para o dia", finalizou a carta, destacando que os representantes são acusados de dar álcool, remédios e maconha a Maradona — a apropriação indébita dos seus bens e marcas teria ocorrido com o craque drogado.

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Família de Maradona posa para registrar comunicado por sua morte
Imagem: Divulgação Família Maradona

Bolha cruel

Além de Morla e Stinfale, foram intimadas a depor outras sete pessoas, entre assistentes, empresários e até seu motorista. Os demais convocados são: Maximiliano Pomargo, Vanesa Morla, Maximiliano Trimarchi, Sergio Garmendia, Carlos Ibáñez, Stefano Ceci e Sandra Iampolsky. As sessões vão de 22 de março a 12 de abril e estão marcadas para a cidade de La Plata, nos arredores de Buenos Aires, onde Maradona foi técnico do Gimnasia y Esgrima.

"Foi investigado que apenas poderia visitar Maradona quem estivesse previamente autorizado pelos acusados", descreveu o documento assinado pela fiscal María Cecilia Corfield.

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Matias Morla era o representante do craque argentino
Imagem: REPRODUÇÃO/ TWITTER

"Quando a visita ou telefonema de algum amigo ou familiar era autorizado, a ordem era que não podiam ficar sozinhos, sempre devia estar presente um dos acusados ou uma pessoa da confiança deles, como eram os encarregados de segurança, para ouvir e ver o que acontecia e, quando fosse conveniente aos seus interesses, intervir para dissolver o contato."

O UOL Esporte produziu em 2021 um completo especial detalhando os dias finais de Maradona, com sua ex-noiva acusando o entorno de Diego de "matá-lo lentamente".

O material pode ser lido aqui.