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Tales Torraga

REPORTAGEM

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O dia em que Maradona fez Putin passar vergonha em pleno Kremlin

Diego Maradona envolve o pescoço de Vladimir Putin para tirar uma selfie - Reprodução Instagram
Diego Maradona envolve o pescoço de Vladimir Putin para tirar uma selfie Imagem: Reprodução Instagram

Colunista do UOL

25/02/2022 04h00

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As redes sociais argentinas explodiram ontem (24) com as inevitáveis — e infinitas — divagações sobre a guerra da Rússia à Ucrânia. Muitas das mensagens afirmavam, em óbvio tom de ironia, que os ataques só ocorriam porque o mundo não tem mais "o embaixador da paz que a Terra tanto precisa" — ele, é claro, Diego Armando Maradona, morto em 2020 por uma parada cardiorrespiratória.

A "insistência maradoniana" foi tamanha que as duas principais rádios de Buenos Aires, a Mitre e a La Red, dedicaram farto espaço às lembranças do encontro de Maradona com Vladimir Putin, presidente da Rússia. Foi em 2017, em plena sede do governo, o Palácio do Kremlin, no sorteio para a Copa do Mundo de 2018, disputada na própria Rússia.

Para delírio dos apresentadores, que contavam as histórias gargalhando, Maradona deixou Putin sinceramente constrangido em duas ocasiões — de acordo com os relatos dos presentes, o constrangimento esteve mais para uma vergonha pura.

As câmeras de TV testemunharam o diálogo entre Maradona e Putin, com o intérprete se virando para traduzir o que Diego, fiel ao seu estilo, dizia.

Maradona quebrou o gelo pedindo uma selfie com o mandatário russo, que aceitou posar para as fotos não só com Diego, mas também com Pelé e vários outros ex-jogadores que lá estavam.

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Putin, Pelé e Maradona no sorteio dos grupos da Copa do Mundo da Rússia
Imagem: Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images

Ele que me espere

No ano passado, o portal argentino "Infobae" publicou detalhes daquele encontro, contados por Matias Morla, o advogado e representante de Maradona. "Por protocolo, ninguém pode tocar em Putin. Mas Diego foi e o agarrou pelo pescoço para tirar a foto. Todos riram, menos o Putin, que estranhou o gesto. Como não iria estranhar? Ninguém encostava nele, e muito menos davam risada dele. Tudo e todos eram muito formais, protocolares. E Diego o agarrou, quase o atacou", contou.

Morla disse que antes deste encontro pouco sutil, uma outra "negociação" reforçou ainda mais a rebeldia de Maradona, mesmo diante de um poderoso do naipe de Putin.

"Foi tudo muito complicado", seguiu Morla ao "Infobae". "Inicialmente, a visita com Diego ao Kremlin foi marcada para a manhã. Veio o secretário de Putin e toda sua comitiva para buscar Diego no hotel onde estávamos. Eu subi ao quarto para acordá-lo, e Diego me respondeu que de manhã, e de traje, ele não iria a lugar nenhum."

(É muito famosa na Argentina a aversão de Maradona às manhãs — técnico da seleção, na Copa do Mundo de 2010, ele fazia questão de marcar os principais treinos sempre para o período da tarde.)

Morla continuou: "Desci e contei isso aos russos. Que Diego não iria, muito menos de traje. Me responderam que o traje era essencial, fazia parte do protocolo. Levei a posição ao Maradona, que respondeu: 'Ótimo, tudo bem com Putin, ele que me espere à tarde'", detalhou o advogado.

"Quando desci, o assistente, que falava espanhol, me disse algo que soou muito grave para mim: 'Está falando sério?', quando avisei que iríamos à tarde. 'É sério que vai deixar Putin esperando? Estamos falando do presidente Vladimir Putin, no Palácio do Kremlin', como dizendo que estávamos loucos. Bem, depois nos encontramos com Putin, e houve a famosa cena da selfie."

Na ocasião, lembraram também as rádios portenhas, Putin entregou à ex-noiva de Maradona, Verónica Ojeda, um presente que ela guarda até hoje: uma pequena árvore banhada a ouro.

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