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Laranja arremessada por torcedor quase tirou 1º título de Piquet há 40 anos
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Os portais e jornais argentinos abriram grande espaço no fim de semana a Nelson Piquet e Carlos Reutemann, cuja briga pelo título da Fórmula 1 fez 40 anos exatamente ontem (17). Piloto da Brabham, o brasileiro superou a Williams de "Lole", como Reutemann era chamado, por um pontinho (50 a 49).
A Fórmula 1 naquele tempo dava pontos só aos seis primeiros (o vencedor ganhava 9, com 6, 4, 3, 2 e 1 nas demais posições), e um dos olhares argentinos da derrota de Reutemann foi ele preferir "ser fiel à sua essência", segundo o jornal "La Nación", e não forçar a batida com Piquet quando o brasileiro o ultrapassou pelo sétimo lugar na 17ª das 75 voltas daquele GP.
A prova que definiu a taça foi em Las Vegas —e como Reutemann estava na frente no campeonato, um toque entre ambos daria o título ao argentino, que terminou fora dos pontos e permitiu a Piquet, o quinto, virar e ser campeão na Fórmula 1 pela primeira vez (as outras duas seriam em 1983 e 1987).
No meio do caminho tinha uma laranja..
Um dos grandes momentos de Piquet naquele 1981 foi vencer Reutemann na casa do argentino, fazendo a pole position e desaparecendo na ponta para ganhar a corrida realizada em Buenos Aires. Reutemann, que completava 39 anos exatamente naquele dia, chegou em segundo, um tempão atrás (26s6).
"Foi a corrida mais mole que ganhei na minha vida. Fui apenas superado pelo Jones na largada, passei por ele na reta e daí em diante só me preocupei em levar o carro até o fim. Só fiquei preocupado, e até chateado, porque quando faltavam cinco voltas para o fim da corrida os argentinos jogaram uma laranja que quase acertou meu carro. Eles estavam frustrados porque eu ia ganhar do Reutemann", contou Piquet em depoimento publicado no livro A Trajetória de Um Grande Campeão, escrito por Luiz Carlos Lima.
As imagens de TV não mostram o momento em que Piquet se safou da "laranjada". Disparado na frente, ele mal era mostrado pelas câmeras, que preferiam exibir Reutemann e a euforia da torcida. As imagens registram a superlotação do autódromo inclusive nos gramados, com público e militares próximos às zebras que delimitavam a pista.
A Argentina ainda vivia sob a nefasta ditadura de Jorge Videla, personagem influente na Copa do Mundo organizada e vencida pelos vizinhos em 1978.
A foto acima, com o brasileiro acenando para o público, também mostra a balbúrdia que era a pista naquele fim de semana portenho de calor e loucura —em um desses arroubos, o brasileiro quase perdeu a vitória, e, mais que isso, perderia também o campeonato para Reutemann. Abandonando a prova ou terminando em segundo com o argentino em primeiro, a diferença ao final certamente não contaria com o pontinho milagroso pró-Piquet na chegada.
Uma disputa reta a reta, curva a curva. E quase decidida por uma laranja arremessada por um torcedor argentino em Buenos Aires.
Impossível, mesmo 40 anos depois, imaginar o escândalo que seria.
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