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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Técnico que lançou Rigoni o vê na próxima Copa do Mundo: "Adora desafios"

Rigoni, atacante do São Paulo, em treino no CT da Barra Funda - Fellipe Lucena / saopaulofc
Rigoni, atacante do São Paulo, em treino no CT da Barra Funda Imagem: Fellipe Lucena / saopaulofc

Colunista do UOL

14/09/2021 12h00

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Imaginar o são-paulino Emiliano Rigoni na próxima Copa do Mundo não é devaneio. Há três semanas, informamos aqui no UOL Esporte que o camisa 77 está bem vivo no radar de Lionel Scaloni, técnico da seleção argentina. E agora é a vez de outro treinador de peso do país vizinho o projetar no Qatar.

Hoje comandante do Estudiantes de La Plata, Ricardo "Ruso" Zielinski foi quem lançou Rigoni, com 19 anos, nos profissionais do Belgrano. Era 2012. "Com confiança, ele sempre rendeu bem demais. Tem técnica e tem espírito coletivo", disse Zielinski à coluna. "Lembro bem da sua vontade de aprender e de ouvir os mais experientes, virtudes que só comprovam sua maturidade."

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"Ruso" Zielinski, lendário técnico do Belgrano e "descobridor" de Rigoni
Imagem: Divulgação Belgrano

Concorrência pesada

Em ascensão, a Argentina está muito bem servida com seus armadores e atacantes. Hoje, a base da equipe nas funções inclui nomes consolidados como Lo Celso, Di María, Messi e Lautaro Martínez - com aportes importantes dos reservas Papu Gómez, Nico Gónzalez e os dois Correa, Ángel e Joaquín.

(E nem falamos de Dybala e Icardi, misteriosos fracassos azuis e brancos.)

O que levaria, então, Rigoni ao Mundial? Sua capacidade ambidestra e com a bola parada, qualidades raras até entre os nomes citados - daria também um respiro para Messi, que há anos é o dono absoluto das faltas na seleção.

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Rigoni posa antes da estreia pelo Belgrano em 2012
Imagem: Divulgação Belgrano

"Ele já esteve lá e sabe o que é preciso fazer para integrar o grupo. Todos ali têm um nível altíssimo, e Emiliano, por já ter participado, merece sim ser levado em consideração. Por que não seria? Tem 28 anos, está no auge físico", questiona Zielinski, citando as cinco convocações de Rigoni à seleção, todas no ciclo para a Copa do Mundo de 2018 (quando o técnico era Jorge Sampaoli e Scaloni era um dos assistentes).

"O limite dele só mesmo o tempo vai dizer, mas não vejo nenhum obstáculo que o impeça de render cada vez melhor. Treinava sempre com afinco, entendia que a vida do jogador não era só nos 90 minutos de jogo, e sim nos cuidados e treinamentos constantes. Ele adora desafios e exigências."

Admirado até pelos rivais

Rigoni trocou o Belgrano pelo Independiente em 2016. No gigante vermelho, jogou tão bem que até criou a lenda na Argentina de que torcedores veteranos do Racing, grande rival do clube, acompanhavam as partidas para apreciar o bom futebol do atacante. A afirmação, obviamente, não pôde ser comprovada, mas serve para dar a dimensão à atenção criada por Rigoni no futebol argentino antes de se transferir ao Zenit, da Rússia, por 9 de milhões de euros.

O estilo de jogo da equipe comandada por Gabriel Milito era "cavar" faltas para Rigoni soltar petardos com a esquerda ou a direita - pouco importava de onde.

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Rigoni comemora gol pelo Independiente em 2017
Imagem: Reprodução Olé

Exigentes à beira da loucura, os torcedores detonavam a estratégia da equipe, "limitada demais". As respostas de Milito ecoam até hoje: "Tínhamos o melhor cobrador de faltas da Argentina. Limitado seria não usá-lo devidamente".

Outro que valorizou a passagem de Rigoni pelo Independiente foi o técnico Ariel Holan, que o elogiou publicamente na despedida para o Zenit, em agosto de 2017: "Merece esta oportunidade. Ele conquistou em campo e no suor nos treinamentos. Apesar da baixa considerável para a equipe, há felicidade pelo atleta, que sempre se esforçou em busca do que se propunha".

Conquistar o que se propõe. 24 horas por dia. Rigoni é um "louquinho" do futebol, bem ao gosto de Hernán Crespo e Lionel Scaloni.

Suas extravagâncias sempre tiveram muito espaço no jornal "La Voz", o mais importante de Córdoba, onde nasceu. Em um desses perfis, o hoje são-paulino confessava que dormia com a camisa da seleção argentina na espera pela convocação para a Copa do Mundo da Rússia. "Para me dar sorte", repetia.

Alguém não o vê fazendo o mesmo já em pleno setembro de 2021?