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Tales Torraga

REPORTAGEM

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"Neymar é adolescente", diz Jorge Valdano, que vê Brasil longe dos europeus

Neymar comemora gol na vitória do Brasil sobre a Venezuela, na abertura da Copa América - Lucas Figueiredo/CBF
Neymar comemora gol na vitória do Brasil sobre a Venezuela, na abertura da Copa América Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Colunista do UOL

24/06/2021 12h00Atualizada em 24/06/2021 13h01

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Campeão da Copa do Mundo de 1986, o ex-atacante argentino Jorge Valdano hoje é um comentarista de peso do futebol mundial. Vivendo na Espanha, onde foi técnico e diretor do Real Madrid, ele deu uma ótima entrevista ao canal Filo News analisando o esporte e contando suas vivências com Diego Maradona.

Entre suas esclarecidas opiniões, Valdano disse não ver o Brasil com chances de título na Copa do ano que vem e também não encontra razões para colocar Neymar como um jogador com possibilidades de ser escolhido como o melhor do mundo: "Mesmo passando o tempo, ele não terminou de dar o último passo", disse Jorge, que é conhecido na Argentina como "Filósofo" pela inteligência e clareza de ideias desde os tempos de atleta.

"Neymar é um jogador atrativo. Gosto de vê-lo jogar. Messi dribla e todo mundo sabe que ele vai driblar. Neymar tem 14 formas diferentes de dar o mesmo drible, mas ainda tem uma coisa adolescente, até por isso se lesiona mais que os outros", seguiu Valdano, sobre o camisa 10 da seleção brasileira, hoje com 29 anos e apontado por Roberto Rivellino como um jogador bom o suficiente para ser titular na seleção de 1970, tida por muitos como a melhor da história.

"Ele tem um orgulho que me agrada e que é interessante de ver, mas que o leva à imprudência de querer fazer gols partindo do seu próprio campo. Isso não o permite chegar ao nível dos grandes de fato."

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Ex-atacante Jorge Valdano, campeão mundial com a Argentina em 1986
Imagem: Reprodução Filo News

Para Valdano, os principais candidatos ao trono são "Mbappé e Haaland, que é muito decidido. Seu estilo talvez não brilhe tanto, mas seus números sim".

Para o argentino, que tem uma condição privilegiada para analisar os embates entre as seleções europeias e sul-americanas, a próxima Copa do Mundo não deve ter nem Brasil e nem Argentina como favoritas: "Ambas estão longe dos europeus. Só as seleções da Europa têm ganhado. E não é só uma questão econômica, é também formativa. Os times europeus hoje trabalham muito bem a formação de seus atletas. Cada um da sua maneira, mas com uma indiscutível capacidade."

"França, Bélgica, Portugal e Inglaterra são as favoritas. A atual geração inglesa tem jovens de muito nível e que podem dar o próximo passo de enfim vencer pelo país", concluiu Valdano, que está com 65 anos e conserva os mesmos 82 quilos de quando jogava (encerrou a carreira profissional em 1990 para ser, entre outras coisas, um prolífico escritor).