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Tales Torraga

REPORTAGEM

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O que explica o badalado Boca Juniors ter o 3º pior ataque da Libertadores?

Atacante do Boca, Cristian Pavón enfrenta o Barcelona-EQU na Bombonera - Divulgação Boca Juniors
Atacante do Boca, Cristian Pavón enfrenta o Barcelona-EQU na Bombonera Imagem: Divulgação Boca Juniors

Colunista do UOL

21/05/2021 04h00Atualizada em 21/05/2021 12h23

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Os números da Libertadores da América são crueis com o Boca Juniors, segundo colocado no Grupo C. Os portenhos jogaram cinco vezes e têm só sete pontos, de duas vitórias e um empate (têm também duas derrotas).

O 0 a 0 de ontem contra o Barcelona-EQU em uma depressiva Bombonera vazia escancarou a pior cara do time treinado por Miguel Ángel Russo: o Boca soma apenas três gols marcados nessas cinco partidas da Libertadores. Apenas o Rentistas (do Uruguai) e o La Guaira (Venezuela) fizeram menos (dois, cada). Palmeiras e Flamengo têm os melhores ataques: 14 gols.

(Como o Boca, outros dois somam três gols: Cerro Porteño e Sporting Cristal.)

Ocorrida um dia depois da façanha do River Plate que venceu sem time, sem reservas e sem goleiros, o Boca dá munições aos exigentes argentinos que afirmam que o time "deixou de ser grande em 9 de dezembro em Madri", pelo trauma da derrota para o rival de toda a vida na decisão daquela Libertadores.

Nem céu, nem inferno. A coluna lista as cinco razões da dificuldade xeneize em converter gols nesta Libertadores:

Sem ideias

Antes de enfrentar o Santos, destacávamos o meio-campo do Boca apenas com pratas da casa sem experiência - daí o apelido de "Juniors Boca" para a atual equipe. Varela, Medina e Almendra são promessas que demonstram boa dinâmica, mas não podem carregar sozinhos a missão de gerar oportunidades de ataque. Ontem, o volante colombiano Campuzano, mais rodado, começou como titular, mas como volta agora de lesão, tampouco se destacou. Saiu de campo aos 35 do segundo tempo para a entrada de Varela.

Cardona, chamado de "Crackdona" pelo seu talento, sofre com o físico e não vem sendo solução.

Lesões

O Boca não está contando nesta Libertadores com dois jogadores ofensivos que poderiam reverter esta lamentável seca. Tanto Mauro Zárate quanto Eduardo Salvio seguem se recuperando de lesões graves e não têm previsão de retornar ao elenco.

Tevez

Aos 37 anos, Carlitos mescla partidas como titular e reserva - na altitude da Bolívia para enfrentar o The Strongest, sequer saiu de Buenos Aires. O Boca vive um vácuo de responsabilidades. Os jovens não estão à altura e Tevez já está em fim de carreira. Entrou ontem aos 17 do segundo tempo no lugar do ineficaz Soldano, mas pouco fez. O Boca terminou com um mísero chute a gol nos 90 minutos de jogo contra o Barcelona.

Pavón e Villa

Integrante da louca Argentina que disputou a Copa do Mundo de 2018 sob o comando de Jorge Sampaoli, Pavón voltou a jogar há um mês depois de uma longa inatividade. Ainda está longe do nível de antes. Embora seja potente e técnico, Villa alimenta semanalmente o ranço de muitos argentinos que destacam a falta de comprometimento dos atacantes colombianos. Sua grande aparição no noticiário é por ser filmado em um aniversário sem máscara, e não pelo que faz em campo.

Cavani era sonho

O Boca emprestou Wanchope Ábila para o Minnesota (da MLS) e não trouxe ninguém para o lugar. Os rumores da chegada do uruguaio Cavani não deram em nada. O clube tem uma dificuldade crônica com a camisa 9 depois da aposentadoria de Martín Palermo. Darío Benedetto, que deu mostras de ser o goleador que o Boca tanto precisava, não resistiu à derrota para o River em Madri e fez as malas na sequência.

O que vem por aí

O Boca deve ir às oitavas mesmo aos tropeções. Basta vencer os bolivianos do The Strongest na Bombonera às 21h da próxima quarta (26). Tudo bem que a campanha argentina é pífia, mas o adversário da semana que vem já levou 4 a 0 do Barcelona-EQU e 5 a 0 do Santos como visitante.