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Eliminado em Bucareste, Fonseca mostrou o quanto já amadureceu

Na primeira rodada, um tênis quase perfeito nos momentos importantes contra Lorenzo Sonego, #51 do mundo. Na segunda, um tie-break perfeito para vencer o set inicial e disparar rumo à vitória sobre Radu Albot (#139). Nesta sexta-feira, mais um primeiro set maduro, com um jogo agressivo, mas sob controle, com riscos calculados e poucos erros. No segundo, um set point salvo com coragem antes do tie-break. No fim, João Fonseca acabou derrotado por 4/6, 7/6(5) e 6/4 pelo mais experiente chileno Alejandro Tabilo (#41) e ficou fora das semifinais no ATP 250 de Bucareste, na Romênia.

Seria a primeira semi da jovem carreira do brasileiro, que tem 17 anos e 7 meses de vida e ocupa atualmente o 276º lugar do ranking. Uma vitória sobre Tabilo asseguraria não só um salto para perto do 210º posto, mas também um lugar no qualifying de Roland Garros, que seria (e ainda pode vir a ser) seu primeiro slam como profissional.

Fonseca vem em franca ascensão, aproveitando os convites que vem recebendo para torneios maiores, anotando vitórias e subindo no ranking por seus próprios méritos. Entretanto, mais importante do que tudo isso talvez seja a maturidade que o tênis do carioca vem demonstrando.

O garotão que estreou no Rio Open ano passado distribuindo pancadas na bola e empilhando erros não forçados já mostra mais controle em seu tênis agressivo. Já escolhe melhor entre a hora de mexer o adversário e o momento de encher o braço com uma bola mais reta para definir o ponto.

O adolescente que errou um voleio crucial no tie-break das quartas de final do Australian Open juvenil do ano passado hoje - embora ainda adolescente - é um tenista que falha menos junto à rede e mostra contínua evolução nesse setor da quadra (veja o ponto abaixo).

Em resumo? O jovem que mostrou incrível potencial até o fim do ano passado, quando foi campeão juvenil do US Open e até então era apenas isso - um jovem com incrível potencial a desenvolver - agora vem comprovando, um dia após o outro, que é capaz de vencer entre os profissionais. E ótimos profissionais.

Fonseca ainda vai ter seus altos e baixos, que são naturais nessa fase de evolução. Novak Djokovic - a exceção das exceções - levou mais de três anos desde sua chegada ao top 200 até seu primeiro título de slam. Jannik Sinner precisou de quatro anos e meio. Zverev, que entrou no top 200 com 17 anos, segue na elite, mas sem slam. Logo, não convém esperar que o brasileiro vá vencer Roland Garros daqui a dois meses. Talvez nem dois anos. E tudo bem.

O que vale destacar hoje, como já ressaltei em textos anteriores, é que Fonseca vem evoluindo e mostrando sinais positivos. Um jogo potente, empolgante e vencedor; uma boa cabeça; um time de profissionais competentes a seu redor; e uma família que não lhe pressiona e entende as necessidades de um atleta de seu nível. Hoje, não dá para querer mais do que isso.

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Mais coisas que eu acho que acho:

- Outra característica importante e que fica quase escondida sob o belo jogo agressivo de Fonseca: hoje, o carioca não precisa ganhar pontos apenas no ataque. João evoluiu também fisicamente. Chega em mais bolas, defende-se melhor e exige mais dos oponentes. Está cada vez mais difícil batê-lo.

- Com o placar em 2/2 e "iguais" no segundo set, Tabilo aparentemente errou uma bola, o que daria break point ao brasileiro. Fonseca, contudo, foi conferir a marca a bola e concedeu o ponto ao chileno. Não se fez de desentendido nem esperou o árbitro descer da cadeira e conferir a marca. Não são todos que agem assim num ponto tão importante.

- Viajo nesta sexta, então é possível que eu não veja tênis nos próximos dias. Talvez eu não consiga escrever no fim de semana. Compenso quando voltar.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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