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Três brasileiros nas quartas do Rio Open: sorte ou início de uma nova era?

Thiago Wild, Thiago Monteiro e João Fonseca fazem do Rio Open de 2024 uma edição histórica do torneio carioca. Em seu décimo ano, o ATP 500 brasileiro tem, pela primeira vez, três homens "da casa" nas quartas de final. E há chances consideráveis de ver pelo menos um deles em ação no sábado, lutando por uma vaga na decisão - algo que nunca aconteceu no Rio Open.

Seria a Brazilian Storm do tênis, perguntou um fã de tênis hoje de manhã? Uma nova fase na modalidade, em que voltaremos a sonhar com títulos grandes no masculino, inclusive em slams? Ou uma dose extra de sorte, uma conjunção mágica que fez tudo acontecer ao mesmo tempo e transformou um Rio Open que parecia murcho após as quedas de Carlos Alcaraz em Stan Wawrinka, em um empolgante trampolim para novos saltos dos tenistas da casa?

A resposta está em algum lugar no meio disso tudo. Nem tanto para cá nem tanto para lá, e embora seja delicioso ver três tenistas do país com chances reais em um ATP 500, o mais sensato a fazer parece ser analisá-los separadamente. Afinal, Monteiro, Wild e Fonseca são três histórias bem distintas, e não deixa de ser uma feliz coincidência que todos estejam nas quartas no mesmo evento.

Monteiro, evidentemente, simboliza a grande dose de sorte brasileira no Rio Open. Por causa de lesão, não disputou o Australian Open. Fez quartas de final no único Challenger que disputou e, na semana passada, nem passou pelo qualifying no ATP 250 de Buenos Aires. No Rio, foi sorteado para estrear contra Carlos Alcaraz. É justo dizer que poucos apostavam no cearense. Porém, o espanhol torceu o tornozelo no segundo ponto do jogo, e Monteiro avançou às oitavas para enfrentar o qualifier Felipe Meligeni. Aproveitou a chance, venceu e chegou às quartas.

Wild, atual número 1 do Brasil, é um talento inegável. Ganhou o US Open juvenil em 2018, foi campeão de um ATP em 2020 (com 19 anos, ainda é o brasileiro mais jovem a vencer um ATP) e tinha tudo alinhado para disparar no ranking até que a pandemia e problemas pessoais tiraram sua carreira dos trilhos. Saiu de perto do top 100 e foi parar além do 400º posto. Fez algumas mudanças e, desde o ano passado, vem voltando a evoluir, confirmando o potencial dentro de quadra que todos veem há muito tempo. Entrou no top 100 e hoje é o 82º do ranking. Venceu duas partidas ganháveis no Rio Open (Tabilo e Munar) e vai encarar o cabeça 2, Cameron Norrie, nas quartas. É azarão, mas costuma jogar bem nessa posição.

Fonseca, número 655 do mundo aos 17 anos, é um talento raríssimo que iria explodir a qualquer momento. Venceu uma Copa Davis, um slam e foi número 1 do mundo como juvenil. Tem golpes matadores, um pacote tenístico versátil e uma dose paquidérmica de simplicidade para falar de seus feitos, o que ajuda tenistas um bocado, sobretudo nesta faixa etária. A "explosão" aconteceu no Rio Open por uma feliz coincidência (ou quase isso). Poderia ter sido em qualquer torneio. Fonseca tem tênis para isso. Mas a torcida, as condições de jogo e o ambiente colaboraram, evidentemente. Fonseca vinha de duas derrotas em primeiras rodadas de Challengers. Agora, com uma pitada de sorte que vem na forma da chance de encarar o qualifier Mariano Navone #113) nas quartas, é favorito para alcançar uma semi de ATP 500.

Um pouco de sorte, um pouco de coincidência, um muito de talento. É uma semana para o Brasil festejar, mas sem deixar de pensar no que contribuiu para que a campanha histórica do Rio Open acontecesse. E parabéns ao trio de quadrifinalistas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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