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Brasil terá chance rara de chegar às finais da Davis pela primeira vez

O sorteio que definiu o próximo adversário do Brasil na Copa Davis (ou o que sobrou desta competição) não poderia ter sido mais generoso com o capitão Jaime Oncins e sua equipe. De volta aos Qualifiers, fase preliminar da divisão principal da competição, o Brasil não era cabeça de chave e podia enfrentar potências como EUA, França, Alemanha, Sérvia, Croácia, República Tcheca e Canadá. No entanto, o próximo rival será a Suécia, que terá a vantagem de jogar em casa.

Forte no nome, fraca no conteúdo. Dá para definir assim o time que já contou com gente como Bjorn Borg, Mats Wilander, Stefan Edberg, Tomas Enqvist, Thomas Johansson, Magnus Norman e Robin Soderling. Hoje, porém, o grupo nórdico não tem sequer um top 100 nas simples. A Suécia, aliás, era o único sem um top 100 entre os potenciais adversários do Brasil.

Curiosamente, o número 1 da Suécia, Mikael Ymer, atual #135 do ranking, está aposentado. Tomou a decisão após ser suspenso por violar o código antidoping (não foi encontrado três vezes em menos de um ano para ser testado) e perder o recurso no Tribunal Arbitral do Esporte. Seu irmão, Elias Ymer, é o #159. Depois dele vêm Dragos Madaras (#224), Karl Friberg (#387) e Leo Borg (#389, 20 anos, filho de Bjorn Borg). Nas duplas, o número 1 do país é Andre Goransson, #73.

No geral, independentemente de quem for escalado para o confronto de fevereiro, parece muito pouco para superar um time do Brasil que se não tem um fora de série como Thomaz Bellucci foi durante anos, tem mais opções hoje em dia. Nas simples, Thiago Wild chegou ao top 100 e vem mostrando com mais frequência por que foi um juvenil badalado e promissor; Thiago Monteiro vem em momento de recuperação e tem maturidade e serenidade de sobra; e Felipe Meligeni é uma opção com bastante potencial, ainda que oscile mais do que os outros no circuito. Para as duplas, Rafael Matos e Marcelo Demoliner são opções, além do eterno Marcelo Melo — se o mineiro quiser jogar. É um time que vai entrar como favorito, não importa o piso do confronto.

É justo acreditar que depois de quatro edições da Davis em seu novo formato, será a melhor chance brasileira para, enfim, disputar a fase final.

Billie Jean King Cup: Alemanha outra vez

Na BJK Cup, o time brasileiro vai rever uma velha conhecida: a Alemanha, adversária nos Qualifiers em duas das últimas quatro temporadas. Em 2020, Laura Siegemund e Tatjana Maria fizeram 4 a 0 em cima de Teliana Pereira e Gabriela Cé em Florianópolis. Em 2023, o duelo foi mais parelho. No saibro indoor e em casa, as alemãs derrotaram o Brasil por 3 a 1 com Anna-Lena Friedsam, Tatjana Maria e Jule Niemeier. Bia Haddad venceu o jogo de abertura sobre Friedsam, e Pigossi quase surpreendeu Maria no segundo jogo. No entanto, no segundo dia de duelos, Niemeier bateu Bia, e Friedsam completou o serviço cedendo apenas um game a Pigossi.

Em abril de 2024, o confronto será no Brasil, e é justo acreditar que as chances do time verde-e-amarelo serão maiores. Ainda é cedo para presumir quem estará no time germânico, mas é perfeitamente possível que Bia vença seus dois jogos de simples. Se isso acontecer, mesmo com dois reveses de Pigossi, o Brasil poderá decidir com uma dupla forte (Haddad/Stefani ou até mesmo Pigossi/Stefani) e, sim, vencer. A fase final, hoje, é um objetivo perfeitamente possível.

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Coisas que eu acho que acho:

- Na Copa Davis que terminou neste fim de semana, a Itália levantou a taça após atuações brilhantes de Jannik Sinner, que fechou com chave de ouro um pós-US Open memorável. Nas semifinais, salvou três match points seguidos (0/40) e derrotou Novak Djokovic. Em seguida, voltou à quadra para as duplas e, ao lado de Lorenzo Sonego, conquistou o ponto decisivo em cima de Djokovic e Miomir Kecmanovic. A final teve menos drama. Matteo Arnaldi superou Alex Popyrin (7/5, 2/6 e 6/4) e, em seguida, Sinner garantiu o título ao bater Alex de Minaur com um pneu no segundo set (6/3 e 6/0).

- Ainda que em um formato fast food e sem o encanto de jogos dentro e fora de casa nas fases finais, a Davis proporciona cenas encantadoras. Foi assim neste fim de semana. Sinner agradeceu a Matteo Berrettini, que teve um ano cheio de lesões e não estava relacionado para jogar, mas foi até Málaga (a tal sede neutra da competição) e acompanhou o time. Além disso, a cerimônia de premiação teve a presença de Nicola Pietrangeli, que foi campeão da Davis 47 anos atrás e levantou a taça neste domingo, aos 90 anos de idade, junto com o time atual.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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